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Cordel-->I - O genioso fidalgo Dom Quixote da Mancha -- 03/07/2017 - 10:08 (Carlos Alê) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 



Apresento um herói de epopéia

como aqueles que havia no passado

ou somente um maluco apaixonado

pela sua princesa Dulcinéia

Dom Quixote empenhado na idéia

de fazer o retorno dos andantes

confundiu os moinhos com gigantes

sempre junto de Sancho o escudeiro

se tornando o bizarro cavaleiro

no maior personagem de Cervantes



I - Primeiro episódio que trata de como um fidalgo sonhador se transformou no último cavaleiro andante



Num vilarejo da Mancha

dos tempos de antigamente

vivia em uma fazenda

um fidalgo decadente

que de amigos e vizinhos

era em tudo diferente



Sem jamais compartilhar

interesses com seus pares

repetia relutante

as rotinas regulares

se mostrando entediado

entre bailes e jantares



Vestia trajes decentes

mas modestos no valor

Tinha um velho pangaré

e um galgo corredor

O que mais o comprazia

era ser madrugador



Seu repasto eram ovos

com torresmo na farinha

Carne, queijo e batata

já faltavam na cozinha

Nos domingos escapava

com um caldo de rolinha



Dizem que este manchego

com sua vida discreta

por uma tal de Aldonza

nutria paixão secreta

sem cupido nunca ter

acertado nela a seta



Convivia em sua casa

com sua jovem sobrinha

uma velha empregada

prestimosa e sozinha

e um moço responsável

por tarefa comezinha



Ele era alto e magro

beirava cinquenta anos

começando a mostrar

nos atos cotidianos

toda aquela rabugice

natural dos veteranos



Seu provável sobrenome

era Quixana ou Quezado

mas importa é sabermos

que o fidalgo mencionado

tinha tempo até sobrando

pra ficar desocupado



Certo é que a gerência

da fazenda esquecia

e perdia o interesse

em caçada ou pescaria

quando começava a ler

livros de cavalaria



Fascinado por novelas

de cavaleiros andantes

tinha livros a granel

atulhando as estantes

onde vinha reunindo

traças, grifos e gigantes



E por sempre aumentar

o seu tempo com leituras

cada vez gastava mais

em cadernos e brochuras

precisando mais dinheiro

pra arcar com as faturas



Com as grandes coleções

consumindo sua renda

resolveu por desatino

demarcar e por à venda

para quem pagasse mais

partes da sua fazenda



A sobrinha se alegrava

sempre que chegava o dia

de ver o seu velho tio

indo pra barbearia

ou no rumo da igreja

pra ouvir a homilia



Acontece que o fidalgo

com o cura e o barbeiro

só falava em romances

por ficar o dia inteiro

discutindo qual seria

o mais nobre cavaleiro



Por um tempo cogitou

escrever sua novela

com gigante, feiticeiro,

sem faltar uma donzela,

e também um cavaleiro

para ser vassalo dela



Seu intento era mostrar

triunfando em campanha

um guerreiro até maior

que El Cid na Espanha

mas trocou a narrativa

por idéia mais estranha



Por encher sua cabeça

com tanta coisa que lia

e ficar toda semana

trocando noite por dia

pouco a pouco se deixou

mergulhar na fantasia



De tanto ler e reler

novelas e coisas tais

foi ficando convencido

que elas eram reais

e a fantasia dos fatos

já nem separava mais



A empregada servindo

a farofa com torresmo

certa feita o escutou

dizendo para si mesmo:

- Na condição de fidalgo

eu estou vivendo a esmo!



Ele ainda prosseguiu

dizendo em sua loucura:

- Quero ser um paladino

indo atrás de aventura

e vou me tornar famoso

por meus atos de bravura!



A sobrinha igualmente

deparou com o seu tio

de pé em cima da cama

num completo desvario

quase não acreditando

nas coisas que ela viu



Empunhando o seu bastão

qual se fosse uma espada

dava golpes na parede

deixando ela riscada

Ela viu o destrambelho

mas não entendia nada



Foi não foi ele dizia

um e outro disparate:

- Já deixei 4 gigantes

derrotados em combate

mas não é com o cansaço

que um soldado se abate!



Foi então que decidiram

retirar do seu alcance

todos livros com o tema

de novela ou de romance

calculando que depois

não teriam outra chance



Todavia elas ficaram

sem saber o que fazer

quando ele sorrateiro

começou a se esconder

sempre com a intenção

de continuar a ler



Certa feita procurando

esconder-se um momento

no porão da sua casa

encontrou o armamento

que o saudoso bisavô

conservou do regimento



Encontrou um chifarote,

uma adarga, um cinturão,

as ombreiras e as grevas,

o gorjal e o morrião,

os coxotes e manoplas,

e a lança espontão



Completava uma couraça

bolorenta e amassada

que apesar de apresentar

leves manchas na lombada

pelo seu tempo de uso

reputou por conservada



Experimentou o traje

que ficou meio folgado

mas na sua fantasia

tudo estava ajustado

como se ele já fosse

um guerreiro do passado



Pela falta de viseira

no seu velho morrião

ele improvisou a peça

recortando um papelão

amarrando com arames

como a grande solução



Ao olhar-se no espelho

com aquela armadura

novamente acendeu-se

a centelha da loucura

decidindo nessa hora

se lançar na aventura



- Cavalgando meu corcel

marcharei numa campanha

reparando as injustiças

dessas terras de Espanha

pra honrar os cavaleiros

em mais de uma façanha!



No momento que estava

essas coisas cogitando

de repente escutou

o cavalo relinchando

como se o matungão

estivesse lhe chamando



Convencido que já era

um guerreiro de novela

foi até seu pangaré

colocando nele a sela

enxergando um corcel

no matungo magricela



Quis montar com altivez

imitando a narrativa

mas depois de repetir

mais de uma tentativa

a subida por um mocho

foi melhor alternativa



Já montado no matungo

decidiu ser importante

só chamar o seu corcel

por um nome elegante

e de tantos que pensou

o melhor foi Rocinante



- Sairei no meu cavalo

viajando em toda serra

Um perfeito paladino

a cruzar por essa terra

e Dom Quixote da Mancha

será meu nome de guerra!



- Meu intento é honrar

os que já vieram antes

restaurando o apogeu

dos cavaleiros andantes

sendo o mais prodigioso

em façanhas relevantes!



Como todo cavaleiro

tem por musa a donzela

a quem ele considera

a mais virtuosa e bela

o fidalgo já sabia

que Aldonza era ela



Mas pensando que a moça

tinha um nome embaraçoso

preferiu chamar a musa

Dulcinéia de Toboso

que na sua opinião

ressoava harmonioso



Tendo o nome escolhido

e trajando a armadura

com desejos de fazer

grandes atos de bravura

Dom Quixote decidiu

se lançar na aventura



A sobrinha avistando

o figalgo na estrada

cavalgando com o traje

disse para a criada:

- Ele nem nos avisou

onde é a mascarada...



 


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