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Poesias-->UMA VIAGEM SONHADA -- 15/10/2007 - 01:48 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UMA VIAGEM SONHADA EM CIBERNESE

Jan Muá

14 de outubro de 2007



Eu sempre achei que nesse dia ela estava meio sonâmbula

No dia anterior havia descido a ladeira da mata

E pareceu-lhe que nunca tinha passado por ali

Havia um regato com nascente e água cantante pela encosta

A trilha foi-se desdobrando aos poucos

Entre pedras terra e gramíneas

Ladeada por ramos de arbustos

Quase que num ambiente de cerrado

Ela descia desenhando aos poucos seu roteiro

Seu desejo era o de conhecer o que nunca vira

Caminhava surpresa como se fosse possuída

Pelo inatingível poço dos Poetas

Aquele que sempre tem a água da inspiração e dos sinais

Pelo caminho a ladeira tornava-se aqui e além escorregadia

Havia troncos resistentes sombras e luminosidades

E folhas raiadas de clorofila persistente

Ia porque ia

Como se tivesse a força de um encontro secreto

Que a impulsionasse

Aos poucos o percurso quase se tornou autômato

Dando a perceber que obedecia a um impulso interior

E inconsciente

Mas ia e caminhava com uma personalidade impressionante

Como se deslizasse conduzida

Numa atmosfera líquida de navegação

Como se nadasse num igarapé

Num curso que desejava lhe abrisse os umbrais do espaço

No além-mundo do corpo

Caminhava

E tinha sempre em volta ou ao lado

O compacto da mata

Verdade é que para ela agora

Esta seria apenas um envoltório de materialidade que não sentia mais

Porque em seu espírito tudo se rarefazia

Como se estivesse entrando numa atmosfera nova Onde tinha vontade de navegar

De cabeça erguida

E com a alma e o coração aplicados aos elos Invisíveis da cósmica engrenagem mental

Em que achava estar mergulhada sua alma

Não era isto um êxtase

Nem uma hipnose

Mas era certamente um jogo sério

Que lhe abria umbrais de uma nova comunicação

Um jogo que lhe alargava a volatilidade de seus neurônios

Sempre à procura de outros espaços

Ela quase já se esquecera do “outro mundo”

Em que tinha seus pés

Não sentia nem tempo nem lugar

Só sabia que seu oceano era um mar

Nunca dantes navegado

Pela misteriosa sensação do novo conhecimento

Que se lhe abria

Bastava agora um clique rápido

E as sendas se abriam

Eram muitos caminhos possíveis

Alguns já abertos

Muitos deles leves e imponderáveis

Mas todos caminhos gloriosos

E fascinantes

Caminhos de descobrimento

Que exigiam unção curiosidade ou impulso

Atração

Sentia que forças interiores se misturavam

Com um enorme desejo e vontade

Com sua memória e sensação

Buscando surpresas, e conversações

No ar da fantasia

Sempre com o toque do amor

Entendia a proximidade da matéria universal

Com voz própria

Que a todos chega no movimento da onda

Etérea que abre a navegação da cibernese

Para ela o mergulho absoluto era essencial

A coragem também

Porque rapidamente lhe viria

A experiência do nunca acontecido

Numa gloriosa catábase nas profundidades do eu

Que lhe abriria as galerias profundas dos sinais

Do ser humano

Para ela tudo passava a ser uma marca

Para o conhecimento

Para o bem-estar e o alívio

E valeria como variação e gosto

No embalo lúdico de um mundo maravilhoso

Sentia que a navegação nova

Lhe dava a sensação de estar possuída

De um corpo etéreo tal como o corpo de um anjo

Invisível em seus movimentos

E em sua aparição

Sentia-se como se tivesse tirado um bilhete para uma nave espacial

Imbuída de um sentido metafísico de vida

E via em tudo isto um passeio que era prêmio para sua alma inquieta

Sequiosa de uma prova anímica das idéias platônicas

Plantadas na alma desde a eternidade

Caminhava

E peregrinava como romeira de Santiago

Traçando rotas próprias

No céu estrelado que para sua janela lhe mandava recados

E ornava de festa suas modelares fantasias e sonhos

Vivendo tudo numa noite só

Com o sol ausente e a lua distante

Diante de todos os astros encaixados

Nas multiformes galáxias do universo!

Ela seria uma areia pequenina neste universo gigantesco

Mas tinha a grandeza de que era uma alma

Que queria participar da navegação coletiva

Agora parcialmente em suas mãos

Esparramada pela cibernética

Que a tornava cidadã do mundo em muitas latitudes

Em muitos diálogos e muitos amores

Sem a evanescente biologia dos órgãos

Perseguiria amores de verdade do tamanho de sua alma navegante

Amores carinhosos amores reais do sonho

Amores cósmicos de consciência ampla

Sem quadratura de círculo

Amores felizes que marcariam para ela

Acima do horizonte da terra o nível de sua alma peregrinante

Misteriosamente instalada em seu coração anelante.

Sempre capaz de se deixar mover pelas divindades inter-estelares e etéreas que dão tanta vida

Aos neurônios nos espaços invisíveis da atração das almas.

Quando retornou à claridade do dia

Ela sentiu o choque da distância da fantasia

Mas rapidamente se refez na contemplação das cores das flores e das rosas de seu jardim

Sentia que tinha viajado em sua nova máquina cibernética

E pôde admitir que a vida para ela seria a partir de agora bem mais um espaço interior alado do que uma opressão de um corpo limitado pela matéria inculta.





Jan Muá

14 de outubro de 2007



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