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Teses_Monologos-->Tese sobre a vida real e obscura das prostitutas -- 15/05/2003 - 12:56 (Leonardo Koury Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não escrevo agora como intelectual ou como poeta, nem mesmo como filosofo, mas sim como um homem que conseguiu ver algo a mais dentro do mundo da prostituição.
Creio sim, pois qual homem que ao completar 18 anos, ou antes disso como foi o meu caso, não entrou em um prostíbulo ou pelo menos, também creio que não seja o caso da maioria, conheceu alguém que já teve este tipo de experiência.
Eu poderia enumerar as vezes que pude conversar com essas garotas de programas, mas isso não viria tão ao caso, mas para começar essa tese resolvi escolher uma classe especifica da prostituição, a classe mais pobre delas que vivem no centro de Belo Horizonte, mais especificamente entre as ruas Caetés e São Paulo onde englobam o maior números de prostíbulos, ou como vulgarmente é conhecido, como zona ou zona boemia.
O nome zona boemia tem uma história que de certa forma é tradicional, pois outros poetas e escritores como meu conterrâneo Roberto Drumonnd, viveu e escreveu ali, um palco de inspiração que traz inúmeras e interessantes historias. A zona boemia era o local onde a boemia daquela época mais freqüentava, mas nos dias de hoje, esses prostíbulos caíram no esquecimento de muitos e virou um local não muito agradável.
O mais interessante desse meu trabalho é poder mostrar que dentro daqueles prostíbulos, quais eu não posso citar o nome, é claro, pois seria antético, e também poucos desses locais tiveram conhecimento do meu trabalho, mas enfim o que eu quero dizer que lá, em meio à escuridão e aos olhos rudes da sociedade existem mulheres que por fim cheguei a ver um certo sentimento, talvez um sentimento reprimido ou esquecido pela conveniência de sua profissão.
O que mais me deixou intrigado foi as minhas poucas, mas valorosas conversar, onde tive a oportunidade de ver a visão dessas mulheres tanto em problemas da vida tanto com os seus sentimentos e desejos mais íntimos.
Esse primeiro caso que eu irei relatar o qual vos trago é sobre uma mulher que me diz ter 41 anos, ela diz ser acabada com o tempo, pois a profissão realmente é difícil, ela confessa-me que tem vezes que faz 12 programas, me contou também das humilhações e dos problemas que há nesse mundo tão pouco explorado, que existe bem, antes do mundo ter conhecimento.
Eu via em seus olhos uma certa esperança de que eu dia sua vida iria mudar, mas ao mesmo tempo escutava de sua própria boca que aquela vida por mais difícil que era rendia bons frutos.
Seria muito difícil acreditar que alguém preferia os frutos daquele trabalho tão humilhante, mas daí surgiu em mim à vontade de perguntar se ela assistia televisão, e ela dizia que sempre que podia ia assistir novela e mais,que se emocionava com as cenas de amor, tanto as que contêm sexo quanto aquelas que simplesmente haviam um beijo apaixonado.
Daí em meio à curiosidade eu perguntei se as suas palavras de não queres deixar aquela vida tinha um fundo de verdade, ela disse que realmente ela somente esta la por não ter tido a oportunidade de ter algo melhor, ela me disse que nascera numa cidade pobre e veio para Belo Horizonte e por meio de seu triste destino acabara ali.
Ela era simplesmente uma mulher como as outras, ela disse-me que gostava das poesias que eu recitava a ela, pois ela não lia muito e disse-me que tinha dificuldades de entender as palavras.
A segunda mulher, mais jovem com idade entre 26 a 28 anos, pois ela não quis dizer a sua idade, assim eu mais ou menos supus. Essa dizia que sonhava em sair dali para ir para um prostíbulo melhor, pois realmente esse não era uma boa casa de prostituição, ela dizia que tinha uma amiga que ganhava muito mais em uma zona com mais nome.
Por coincidência nenhuma delas dizia diretamente de seus sentimentos, pois talvez os homens que freqüentam esses locais não querem muita conversa e sim algo rápido que justificava o quanto eles pagavam.
As mulheres dali também com o tempo davam vazão a outros propósitos e reprimiam o amor que existia dentro delas, isso talvez era uma autodefesa para conter seu sofrimento.
O modo de cobrança dependia do local que por seqüência dependia do movimento, por exemplo, nos prostíbulos mais baratos ficavam as mulheres com mais idade e com um corpo mais gasto, geralmente nesses prostíbulos as mulheres alugavam o quarto, como uma espécie de diária, e cobravam em media de dois a cinco reais.
Já nos prostíbulos mais caros, as mulheres eram mais novas e cobravam mais caro, também muitas dessas zonas existia a famosa figura do cafetão, onde existia o sistema de porcentagem.
Mas uma coisa que eu percebi, que tanto nos prostíbulos melhores quanto nos piores o acesso às drogas era comum, pois talvez era uma forma mais eficaz de esquecer desse mundo.
Ao conversar com uma prostituta de uma zona de nível bom ela me confessava que era usuária e começou por meio dos clientes que exigiam cocaína ou crack em meio dos programas.
Ela também dizia que muitas estavam la não mais por dinheiro, mas sim para sustentar o vicio, pois começaram como ela e da maconha estão hoje escrevas da drogas.
Realmente é dificílimo entender que nos dias de hoje com tanta informação as pessoas caiam nesse tipo de vicio destrutivo e quase sempre mortal.
Essa mesma mulher me perguntou se em meio de meus poemas eu citava Deus como figura suprema e eu disse que sim e perguntei a ela se ela também acreditava em Deus, e ela disse-me algo que não sei se ela escutou de alguém ou era frase sua, mas disse-me que: “Deus nasceu para todos e perdoara os pecados daqueles que não tiveram outra opção de vida”.
Assim eu me despedi e sai abismado com tão belas palavras e com tanto conhecimento social, pois realmente muita delas estavam presas a algo que não podiam mais se desvincular, algumas por causa das drogas, outras por causa do dinheiro e outras, a grande maioria por causa de não terem outra opção de vida.
O que eu mais me interessei de saber que por traz daquelas rudes prostitutas existia uma mulher sensível de delicada, pois todas deram muita atenção e importância para meus singelos poemas.
Entre essas e outras experiências de vida que eu carrego comigo o espírito de um eterno poli-classista por defender todos aqueles que se dizem humanos independente de sua escolha profissional, mesmo se não houver escolhe alguma, pois isso não mudara os atos e nem os fatos reais.
Talvez isso seja uma prova que ate mesmo a classe mais desvalorizada entre a classe feminina não mudou o modo delas sentirem e sonharem, mesmo sem ter acesso a cultura ou acesso a alguém que simplesmente deixe-as expor seus sentimentos e assim elas vão se reprimindo sentimentalmente e emocionalmente ate que por fim pareçam não tê-los mais.
Essa tese também é uma prova de que nenhum ser humano perde seu sentimento, pois ele pode estar escondido nas profundezas de sua alma, estará la, dentro dela onde quer que esteja.
Cada vez mais é presente a relação entre homem corpo e homem sentimento, sendo caracterizado um sentimental, aquele que age por amor, ou sentimentalóide, aquele que age por amor de forma expressiva, sem reconhecer ate mesmo a razão.
O homem é feito sim de corpo e do mais importante, de sentimento.


Leonardo Koury Martins



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