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Artigos-->NEMATÓIDES -- 15/02/2000 - 23:20 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


NEMATÓIDES: OS INIMIGOS INVISÍVEIS!

Paccelli M. Zahler



Os nematóides são vermes não-segmentados, de corpo cilíndrico e alongado que habitam praticamente todas as regiões do globo, desde o frio dos pólos até o calor dos trópicos, do pico das montanhas até as fossas oceânicas. Depois dos artrópodes, constituem-se no grupo de maior número de espécies. Para se ter uma idéia, alguns lodos do fundo do mar têm mais de 4 milhões de nematóides por metro quadrado, ao passo que o solo pode ter bilhões por hectare. Existem atualmente 17 mil espécies descritas, mas acredita-se que este número é bem maior.

Até a invenção do microscópio, somente a lombriga (Ascaris lumbricoides), parasita do intestino humano, era conhecido pois a maioria dos nematóides não é visível a olho nu. Em geral, seu tamanho varia de menos de 0,3 mm a mais de 8 m (1); os do solo, por exemplo, variam de 0,5 a 4 mm de comprimento (2).

A maioria dos nematóides que atacam as plantas cultivadas tem um tamanho de cerca de 1 mm e possui um estilete bucal com o qual perfuram as células vegetais, sugando o seu conteúdo.

Dependendo da parte atacada, classificam-se em: nematóides de raíz (grande maioria), de caule e de folhas. Podem ser ectoparasitas, quando atacam somente as camadas celulares externas da raíz; e endoparasitas, quando penetram na raíz e somente se reproduzem nela (3).

Quando atacam as plantas, atuam de três maneiras que podem ou não ocorrer simultaneamente: a ação traumática, quando danificam os tecidos vegetais devido ao seu deslocamento no interior das células (Ex.: Pratylenchus sp.); ação espoliadora, quando desviam substâncias nutritivas para o seu sustento; e a ação tóxica quando as substâncias secretadas pelas glândulas esofagianas reagem com as substâncias produzidas pelo vegetal, provocando a paralisação da divisão celular na zona de crescimento da raiz parasitada, morte das células na região afetada ou hipertrofia e proliferação celulares.

Os nematóides que habitam os solos são importantes para a agricultura do ponto de vista fitossanitário por serem de difícil controle e ocasionarem perdas de 9 a 100 % na produção.

Em 1 m2 de superfície até 15 cm de profundidade podem ocorrer milhões de nematóides, chegando a constituir 98 % ou mais dos metazoários do solo. Admite-se que todos eles se alimentam de algo vivo, como bactérias, algas, fungos, protozoários, oligoquetas (minhocas), vegetais e de outros nematóides inclusive (2). Alguns podem transmitir patógenos como vírus, bactérias e fungos e esta atividade como vetor pode ter maior importância econômica que o dano provocado diretamente (3).

O controle de nematóides em clima tropical tende a ser mais difícil porque, devido às condições de umidade e temperatura, são produzidas várias gerações ao ano. Como não há nenhum método eficiente de controle, uma vez introduzidos na lavoura, não haverá outra alternativa senão conviver com eles e gastar com medidas para reduzir a sua população.

Um levantamento realizado em 75 países com 371 nematologistas determinou os 10 gêneros mais importantes para a agricultura em nível mundial (4):

Meloidogyne, Pratylenchus, Tylenchulus, Radopholus, Helicotylenchus, Xiphinema, Ditylenchus, Rotylenchulus, Heterodera e Globodera.

Os gêneros mais importantes para a agricultura brasileira são (5): Meloidogyne, Heterodera, Pratylenchus, Radopholus, Rotylenchulus, Tylenchulus, Ditylenchus, Aphelencoides, Scutellonema, Helicotylenchus, Rhadinaphelenchus, Paratrichodorus,

Xiphinema e Criconemella.

No Distrito Federal, já foram detectados 17 gêneros, os quais são apresentados na Tabela 1.









Tabela 1 - Nematóides fitoparasitas detectados no Distrito Federal (segundo Manso et alli

1994)(6).

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Nematóide Número de hospedeiros

DF Brasil

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Aorolaimus cerradoensis 01 01

Aorolaimus nigeriensis não especificado 01

Aorolaimus raskii não especificado não especificado

Aphelencoides 09 67

Aphelenchus avenae 20 87

Atalodera gibbosa 01 01

Criconemella 02 73

Criconemella ornata 11 33

Discocriconemella conicaudata não especificado não especificado

Discocriconemella paraglabrannulata “ “

Ditylenchus 09 45

Gracilacus 02 03

Gracilacus colina não especificado não especificado

Gracilacus brasiliensis “ “

Gracilacus longilabiata 01 01

Helicotylenchus 02 102

Helicotylenchus digonicus 01 01

Helicotylenchus dihystera 07 171

Meloidogyne 11 142

Meloidogyne arenaria 02 60

Meloidogyne exigua 01 05

Meloidogyne hapla 11 34

Meloidogyne incognita 27 273

Meloidogyne javanica 47 181

Paratrichodorus minor 15 45

Paratylenchus 01 12

Paratylenchus colbrani não especificado não especificado

Paratylenchus flectospiculus “ “

Paratylenchus perlatus “ “

Paratylenchus rostrocaudatus “ 01

Paratylenchus salubris “ 02

Pratylenchus 02 49

Pratylenchus brachyurus 23 109

Rotylenchulus reniformis 03 76

Tylenchulus 07 26

Tylenchulus semmipenetrans 02 09

Tylenchus 12 73

Xiphinema 03 88

Xiphinema brasiliense não especificado 14

Xiphinema brevicolle “ 15

Xiphinema californicum “ não especificado

Xiphinema dimidiatum “ 06

Xiphinema elongatum “ 25

Xiphinema paritaliae “ 16

Xiphinema vulgare “ 38

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------



O dano nas plantas ocorre de diversas formas. Em primeiro lugar, ela se debilita ao ser interrompido o fluxo de nutrientes e o dano mecânico altera o bom funcionamento dos tecidos. As raízes afetadas não podem absorver água e nutrientes, de modo que as folhas atacadas diminuem a assimilação. Alguns nematóides liberam enzimas muito ativas durante sua alimentação nos tecidos vegetais, o que provoca mudanças fisiológicas e histológicas consideráveis, resultando em diminuição do crescimento, do rendimento e da qualidade do produto.

De uma maneira geral, os sintomas apresentados pelas plantas atacadas pelos nematóides são : nanismo ou crescimento retardado; necrose, descoloração e enrolamento dos tecidos; manchas escuras nas folhas, caules e frutos; morte dos ponteiros; formação de galhas nas raízes e folhas; ramificação intensa da raíz; lesões e bifurcações nas raízes(7).

No campo, os sintomas gerais são : tamanho desigual nas plantas; murchamento nas horas mais quentes do dia; amarelecimento e queda prematura das folhas; folhas e frutos pequenos; declínio vagaroso; sintomas de deficiência de minerais em solos ricos; e diminuição da produção(2).

A atividade dos nematóides depende dos seguintes fatores;

a) Temperatura: a temperatura ótima varia de 15 a 30 ºC; temperaturas menores que 5 e maiores que 40 ºC são letais aos nematóides;

b) Umidade: entre 40 e 60 % da capacidade de campo. Em solos secos, a maioria das espécies sobrevive; em solos encharcados, há uma redução das populações, constituindo-se a inundação do solo por mais de 2 meses um dos métodos alternativos de controle; e

c) Tipo de solo: os nematóides ocorrem em praticamente todos os tipos de solo, havendo entretanto, preferências de alguns gêneros. Por exemplo, os gêneros Pratylenchus e Trichodorus preferem os solos arenosos; o Tylenchulus,por sua vez, prefere os solos argilo-arenosos; ao passo que os gêneros Heterodera e Ditylenchus preferem os solos argilosos (2).



Apesar de existirem milhares de nematóides por metro quadrado de solo, nem todos os gêneros são parasitas de plantas e têm importância agrícola. No entanto, a falta de cuidado na escolha das sementes, o trânsito por locais contaminados, o uso de adubo orgânico proveniente de áreas contaminadas e a compra de mudas produzidas em áreas contaminadas contribuem para a infestação do solo. São detalhes aparentemente sem importância que acabam evitando muitas dores de cabeça aos agricultores pois, conforme foi visto, uma vez introduzidos nas lavouras o controle dos nematóides é difícil.

O que pode ser feito é um trabalho de redução da população da referida praga através do revolvimento do solo na época mais quente do ano, expondo larvas e ovos ao sol, provocando a sua dessecação; a destruição dos resíduos das colheitas, principalmente as raízes; e a eliminação das ervas daninhas hospedeiras.

O controle químico com nematicidas não tem sido recomendado porque os produtos são caros, altamente tóxicos, de amplo espectro e persistentes no ambiente, representando um risco para a contaminação das águas subterrâneas.Portanto, o melhor remédio ainda é a prevenção!



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. MONTEIRO, A.R.1992. Características gerais dos nematóides. Informe Agropecuário,

16(172):5-13.

2. LORDELLO, L.G.E.1977. Nematóides das plantas cultivadas. Nobel, São Paulo. 197 p.

3. KRANZ, J.; SCHMUTTERER, H. & KOCH, W. 1982. Enfermedades, plagas y malezas de

los cultivos tropicales. Verlag Paul Parey, Berlin. 722 p.

4. SASSER, J.N. & FRECKMAN, D.M.1987. A world perspective on nematology: the role of

the society. In: VEECH, J.A. & DICKSON, D.W. (ed.). Vistas on nematology: a

commemoration of the twentyfifth anniversary of the Society of Nematologists. SON,

Hyattisville, Maryland. p. 7-14.

5. MONTEIRO, A.R.1995. História e perspectiva da nematologia brasileira. In: Anais do

Congresso Internacional de Nematologia Tropical, 4 a 9/6/95, Rio Quente, GO. p. 87 -

94.

6. COSTA MANSO, E.S.B.G.; TENENTE, R.C.V.; FERRAZ, L.C.C.B.; OLIVEIRA, R.S. &

MESQUITA, R.1994. Catálogo de nematóides fitoparasitos encontrados associados a

diferentes tipos de plantas no Brasil. EMBRAPA/CENARGEN, Brasília, DF, 488p.

7. LIMA, R.D. de. 1992. Sintomatologia e diagnose de nematóides. Informe Agropecuário,

16(172):17-22.



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