Usina de Letras
Usina de Letras
212 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140788)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6177)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O réu -- 15/09/2007 - 21:21 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



O réu

Puseram o condenado sobre uma imensa mesa. A atmosfera da sala ardia no olhar ríspido do observador que ansioso esperava aproximar-se mais e mais da vítima. Chegando-lhe perto, ao alcance da mão, volveu-lhe bruscamente e sobre ele pôs os seus olhos, penetrando-o e analisando-o como se buscá-se-lhe decifrar até a alma.
Eu, como seu pai, nada pude fazer. Estremecia calado e somente isso, nada mais. Disseram verdades retiradas dele e tantas bobagens também que em seu peito não as havia escrito e minha voz, nunca, e a ninguém, as havia dito. Hora alegre, hora triste, ouvimos tudo; o condenado e eu, seu triste pai e admirador.
Ninguém correu-lhe ao socorro. Parecia aprender mais e mais com a sua condenação. Eu, calado, sem nada falar sobre o que concordava ou admitia, estava protegendo-me do tiroteio. Temia que ao condená-lo, condenassem-me também. Que horas aquelas. A boca seca e o coração disparado esperavam o fim da leitura da sentença que deveria trazer a condenação, ou menos provavelmente a absolvição que se assim acontecesse deveria vir acompanhada de elogios.
Tiraram-lhe o indizível até o anjo da guarda do seu enredo, presenteado por seu pai. O indescritível encontraram nele. Acharam diabos e deuses em sua entranhas, sorrisos, lágrimas, desmiunçaram-lhe até o espírito, fragmentando-o no intuito de encontrar-se dentro dele, algo que o condenasse. Eu, pai aflito, continuava a ouvir o Juiz. Nada podia pedir-lhe; seria em vão, desnecessário e apelativo até. Continuei ali, ansioso, mas confiante que nem tudo estava perdido.
Até que chegou a hora de ler a sentença. Havia-lhe condenado a nunca ser esquecido. Aprovado no gosto daquele Juiz, meu filho pôde ser inocentado e posto no caminho da imortalidade. Restavam-lhe os outros Juizes. Seu julgamento nunca teria um fim. A emoção que ele passou, a força de suas frases, o bem que os outros lhe dispuseram a dar, seria o preço de sua doce ou amarga condenação de “ser” imortal.
Posso informar a quem interessar possa que, falo do meu lindo filho: um “poemeto” de luz, que o fiz quando ainda não sabia se podia ser seu pai. O juiz? meu amigo o senhor conhecido por todos, um crítico literário. Registre-se, cumpra-se, note-se e anote-se sobre ele, tudo o que mais interessar à quantos lê-lo, pondo-lhe e retirando-lhe das livrarias ou bibliotecas, seculum seculorum, amém.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui