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Contos-->A morte da juventude -- 14/10/2007 - 14:40 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A morte da juventude

Aroldo Arão de Medeiros

Batista e Deco são irmãos e têm um amigo em comum, Joel. Vivem numa pacata cidade de Santa Catarina que se transforma num pólo de turistas no verão e principalmente no carnaval. Batista e Joel mantinham uma afinidade maior por causa do esporte, já que ambos jogavam futebol. Deco era o pau para toda obra, obedecia
cegamente aos amigos, visto que os considerava seus ídolos. Em tudo tentava copiá-los. Quando jovens iam às discotecas, paqueravam e ali tomaram seus primeiros porres. No domingo de carnaval havia desfile da Agremiação Carnavalesca Bloco da Pracinha. Essa festança era animada com dois ou três trios elétricos que arrancavam os foliões de suas casas, hotéis, posadas e barracas. As fantasias eram as mais estranhas possíveis. Havia slogans de críticas ao governo, carregados por jovens. Outros pregavam o amor e sexo. As moças imitavam o que viam na televisão: tiazinha, mulher-aranha, enfermeiras sex-appeal, todas exibindo charme para deleite dos marmanjos. Outras se vestiam de homens com vastos bigodes que não deixavam de ter a sua atração especial.
Batista e Joel transformavam-se em mulheres, com roupas emprestadas das primas e na timidez característica de pessoas simples bebiam muita cerveja para ter coragem de enfrentar a multidão.
Deco arrumou uma gata e passou a namorar seriamente. Dolores, namorada de Deco, o proibia de uma aproximação mais constante do irmão e do amigo, com medo de perdê-lo para outras meninas. O carnaval de Deco era uma prisão. Como recompensa, ele ganhava o amor de Dolores, pois nesses dias os dois ficavam a sós na casa da namorada, já que todos saíam para curtir as festas momesca. Essa proibição de se divertir com os amigos se expandiu para outras datas como a passagem de ano, festas religiosas, etc. A amizade então dos três restringiu-se então somente a Batista e Joel. Ambos fizeram faculdade e logo depois de formados se empregaram e auferiam bons salários. Deco por não querer estudar aprendeu a profissão do tio numa grande marcenaria que fornece móveis para as maiores lojas catarinenses. Já morando definitivamente com Dolores ia levando a vida numa boa. Nas saídas para fazer serviços externos encontrava uns "amigos" que o iniciaram na maconha. Dessa droga para a cocaína foi um pulo. Não teve o apoio dos pais, pois depois de quase vinte anos de casados eles se separaram. Deco tinha mais contato com a mãe, já que o pai continuou na pacata cidade em que nascera. Quando seu tio percebeu no que seu querido sobrinho e afilhado se metera, tentou dissuadi-lo a largar as drogas. Usou a premissa de Martinho da Vila: "Eu procuro falar as coisas sérias de maneira não solene. História solene não convence o povo". Infelizmente dessa maneira o tio Walter não conseguiu com que Deco parasse de arruinar a sua vida. Internou-o num hospital e o garoto deu uma melhorada. Depois de seis meses sem usar drogas ou álcool sua vida voltou a ruir. Sua mulher o abandonou. Perdeu-se novamente e o tio e a mãe não o agüentando o mandaram para viver com o pai.
Não consigo mais continuar a contar essa história, porque minhas mãos estão trêmulas e as lágrimas estão borrando as folhas. Esse garoto para mim ainda é uma criança que amo muito. Ajudem-me, porque Deco é meu filho.

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