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A ÁGUIA QUE NÃO SABIA VOAR!
(sobrevoando o Rio de Janeiro)
Ana Zélia
Igualava-se a todos de sua espécie.
Nascera nos topos das colinas.
Alimentada pelos pais, cercada de carinhos.
Era frágil, carente, insegura; imponente. Nem parecia uma águia.
As outras voavam cruzando os céus, oceanos, os píncaros, as montanhas.
Suas asas cresciam como ela.
Divagava olhando as de sua espécie que circundavam o céu.
__ Elas podem voar!
__ Eu também!
__ Tenho que tentar!
O fez. Despencou das alturas. Caiu.
__ Há quedas que nos destroem, outras nos elevam, nos dão ânimo para a luta. Pensava consigo mesma.
__ O perdedor é o que não tenta nunca.
__ A queda nos fere o corpo, não o espírito. Filosofava.
Pobre águia. Exuberante e frágil...
Tentou com as asas do pássaro dourado e sobrevoou o céu.
Das alturas viu rios sem água, árvores sem folha, fogo ardente destruindo a terra, um deserto.
Nuvens azuladas numa paisagem indescritível.
Viu a Terra tão pequena que os grandes edifícios pareciam brinquedos de crianças.
O homem. O que é este ser que ela não via das alturas.
Pareciam formigas de tão minúsculos.
Era a distância que lhe turvava os olhos.
Só podia ser a distância.
__ MALDITA DISTÂNCIA QUE SEPARA OS SERES,
QUE DIMINUE OS HOMENS!
Lembrou-se que ouvira falar de “ GRANDES HOMENS”.
__ ONDE ESTARIAM OS GIGANTES?
As alturas separam a Terra do espaço e entre eles há o inexplicável.
__ OS CORVOS JAMAIS CHEGARÃO A SER ÁGUIA.
Mas, tentava descobrir homens e não corvos.
Era uma águia indefesa tentando ver o mundo com asas emprestadas. Criação do Homem.
O pássaro dourado retornou à terra e a águia voou aos céus. Dera o primeiro passo.
Voava livre seguindo o rumo dos ventos, onde a Lei é a busca de si mesma.
O DESTINO SEGUE SEU CAMINHO...
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Poema publicado no livro Mulher! Conquista fácil!... Poesias e crônicas.
UFAM/1996.
Indagada no fale com o Autor por uma leitora sobre como o poeta usa elementos da natureza para falar de homens, suas grandezas, fraquezas. Respondi que este poema escrevi sobrevoando o Rio de janeiro, diante de tanta beleza quis ver o ser mais importante na criação divina o homem.
Este ser que usa mil facetas e que precisamos saber conviver com cada uma delas. Alguns são deuses, outros ídolos, uns tanto simplesmente homens. Certa vez disse a um filho advogado que título é papel, o homem precisa entender que tudo na vida passa, o tempo nos cobra e nos pune.
Feliz o que chega a velhice com dignidade. Ana Zélia