Ainda agora tivemos notícia de amotinamento em cadeia, o qual foi abafado pela polícia.
O homem encarcera o próprio homem, mas o que não sabe é que todos estão encarcerados. O ato de tentar fugir é sagrado para quem se rebela, mas é infantil e inútil para quem tem consciência de seus deveres e obrigações. Assim, o homem enjaulado que se julga condenado injustamente deve encontrar recursos legais para livrar-se das correntes. Do mesmo modo, devem pensar quantos se vejam na condição de estar, através de injustiça, internados neste mundo da carne.
Mas ocorre diferença fundamental: enquanto o homem sabe por que foi encerrado na prisão, uma vez que praticou o ato que feriu princípios da sociedade humana, de outro modo o encarnado deve analisar a sua condição existencial, pois não sabe que crimes cometeu ou que atributos está necessitado de adquirir. Desconhecendo o julgamento de sua personalidade e de seus procedimentos anteriores, não está apto a julgar do nível de justiça em que seu encarne se deu. Por isso, as situações são diferentes, díspares. Enquanto um tem na consciência a razão de seu aprisionamento, o outro deve confiar, através de inevitável desenvolvimento da capacidade de entendimento, em que deve estar sendo levado a sanar faltas apuradas em processo que não presenciou mas que, iniludivelmente, tem de admitir.
Não estamos querendo dizer que devem os homens rebelar-se. Em nenhuma situação prescrevemos tal atitude. Mas deve consultar o coração, meditando profundamente sobre as virtudes que ofendeu, os direitos que postergou. No mais, têm só e só o direito de orar comovida prece, para que suas decisões sejam acertadas, segundo os códigos humanos e divinos de conduta material e espiritual, para poderem adquirir segurança em seu descortino intelectual e firmeza e estabilidade emocionais, a fim de que sua deliberação venha a ser consentânea com os princípios que se encontram integrados em sua personalidade e insertos em sua consciência. Mais tarde, poderemos todos julgar da justiça de nossos cometimentos e de nossos julgamentos. Agora, temos é de trabalhar com denodo e desassombradamente no enfrentamento dos percalços naturais, morais ou sociais que estão aguardando por nós, em nossa jornada rumo ao Pai.
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