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Poesias-->CRÔNICA POÉTICA URBANA -- 23/01/2009 - 11:14 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CRÔNICA POÉTICA URBANA

Jan Muá





Há na praça um quadro móvel dinâmico e em formação

Que me chama a atenção!

Ora surgem figuras masculinas caminhando de quispo bem abotoado

Ora emergem outras que atravessam empinadas de guarda-chuva na mão aparando a miúda pioggia

Caminhando ninguém deixa de furar encolhido a hibernosa neblina

O quadro além de móvel é variado nas formas, nas figuras, nas roupas, no movinmento e nas cores

Agrada à vista observar a forma de vestir das mulheres exigentes e de capricho

Mas há transeuntes variados

Tudo à mistura, jovens e velhos, mulheres e homens, pessoas de meia idade, raras crianças

Todos em ritmos e passos diferenciados

Todos mais ou menos protegidos

Alguns de cigarro na mão

Transeuntes da praça

Figuras casuais e circunstanciais

Como este senhor que é careca mas ousado e que tem a particularidade de cortar a monotonia do ambiente

Ao vestir um casacão vermelho chinês e calça beje

Num ambiente onde a maioria veste escuro

Esta dama vem de bota alta e gabardine esbelta de mãos cheias de sacolões de finas compras em butiques ou shoppings

Em contraste com o estado neblinoso e de chuva miúda peneirada em tecido fino

Atravessa a praça outra senhora e esta de aspercto rural veste simples saia curta, perna à mostra, cabeça descoberta, guarda-chuva na mão mas recolhido

Um senhor doutor de cabelos brancos, protege-se com clássica gabardine clara e faz do guarda-chuva uma bengala para caminhar

Agora uma jovem mulher com guarda-chuva especial e refinado com todas as cores do arco-íris representadas

Agora passam grupos fazendo variar o mosaico das figurs humanas que compõem o cenário

Passa uma dama conduzindo seu bebê em carrinho

Defendido por proteção plastica

Por sua vez os pombos e as gaivotas buscam na praça

As migalhas e os grãos de sobrevivência

De quando em vez o Porto Tram City Tour

Passa por aqui

E também o autocarro e os taxis verdes

Os vultos passantes vestem roupas sombrias escuras no ritmo do tempo

A cidade está toda envolta em neblina Como se estivesse protegida numa redoma

Há figuras valentes de cabeça descoberta

Atravesando a praça

As folhas das poucas árvores da praça ondulam

Mas o tom dominante é o movimento a esmo dos cidadãos que têm de defender a vida e passam

Com suas sacolas e sobretudos e casacos e guarda-chuvas para chegar a seu destino

Duas moças de roupas modernas escolheram guarda-chuvas vermelhos

Os homens usam boinas ou chapéus

Os rapazes preferem carregar seus sacos escolares às costas ou suas bolsas à tiracolo

Pelo gosto e pela idade preferem vestir roupas mais claras com capuchos ou gorros

Também há quem caminhe de calça branca e samarra ou gabardine branca ou beje

Há jovens senhoras que optaram por calçar bota de cano e casacos de pelica preservando a elegância

Ao longe a Igreja de Santo Ildefonso de dupla torre e frontaria e azulejo barroco

Ambulantes todas estas figuras compõem

um quadro que vale pela movimentação pelos tons permamentes e pelos móveis

Pelas singularidades e pelos traços

Pelos tipos e pelas novidades e repetições

É um desenho de vida e de luta

De quotidiano e de circunstancialidade

Um flash sem máquina de filmar

Cenas para um quadro amplo de biodiversidade

Do quotidiano de pessoas que passam a caminho dos cartazes do Teatro S. João

Ou do cinema da Batalha

Ou para entrar na sala de Internet

Ou para entrar no café e tomar um longo ou um curto

Ou a caminho dos escritórios das camionetes perto da Pastelaria Paulista

Há imensas demandas e em cada uma delas se registra a intenção, os passos, a travessia

Pelos fios do tempo os transeuntes vão passando desenhando

E eu vou suspenser aqui porque a vida continua na Praça da Batalha

E em todas as praças

E na rua de Santa Catarina e na rua de Santo Antônio

Na avenida dos Aliados

Em todas as ruas de qualquer cidade,

Em todos os cantos de qualquer país

De qualquer continente

Porque os homens são transeuntes em qualquer lugar

Passam e voltam a passar como passageiros permanentes

Sempre caminhando atrás de alguma coisa,

Mesmo que muitas vezes nem saibam porque caminham ou para onde caminham...

Permanecendo todavia como seres terrestres que vão a algures,

Mesmo que não lhes perguntemos nem saibamos para onde vão...

Seres a quem desejamos que pelo menos

Caminhem e vão com Deus

Dentro de um sentido

E que os caminhos a percorrer ou percorridos

Os levem até eles mesmos

Numa busca de realização pessoal

E de profunda felicidade.



Jan Muá

Porto, Praça da Batalha

23 de janeiro de 2009

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