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Contos-->BERTIM E A IRMÃ CAÇULA -- 10/06/2008 - 14:58 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BERTIM E A IRMÃ CAÇULA



Dona Antônia era mãe de quatorze filhos; destes, Bertim era o mais novo dos homens, e Vilzedir, das mulheres. Aos doze anos ele foi morar em Picos com o irmão Diassis. Trabalhava no comércio e estudava. Nos primeiros anos, freqüentou a escola das freiras e, depois, o Colégio Estadual Marcos Parente. Sua vocação para a literatura fora revelada ainda criança, quando fazia versos para agradar ao pai.
Menino ainda, de urinar nas calças, ao sair do Rodeador, deixou meio hectare de mandioca consorciada com milho, plantados na serrinha. Disse ao pai: “O senhor pode aproveitar o legume que der em minha roça. Não sei quando vou voltar...”
Na saída, houve choro de adeus... Sozinho, abraçado a um pé de milho, passava as pequenas mãos sobre o cabelo das espigas; ao mesmo tempo, beijava-as e dizia para si mesmo: “Até nunca mais...”.
Sempre fora menino de andar sozinho, do trabalho à escola, salvo uma vez ou outra em que se fazia caminheiro com o primo Bolivar. Afora isso, era apenas a rápida visita, no intervalo do almoço, aos amigos Zé Ivis, Pedim de Joaquim de Pedro, Genival, Sinvaldo, Alcino, Chico Sinhor e, mais tarde, a Gilson Chagas e Antônio Bineta, quando estes também se mudaram para Picos e passaram a morar na casa de D. Raimunda de Quinel. Ali, o cafezinho era certo – essa lembrança, no entanto, remete a uma época posterior, já na adolescência, das idas e vindas à igreja e aos botecos.
Antônio Bineta tocava no grupo musical “Os Rebeldes”, mas era vasqueiro; pouco se apresentava nas serenatas. Pedim, entretanto, fazia-se presença constante apesar de apenas arranhar as cordas do violão desafinado, desafinando “A Cada de Irene”, sucesso de Agnaldo Timóteo, no final da primeira metade da década de 60. Bertim fizera amizade também com Dr. Ozildo Albano, advogado e juiz aposentado que possuía uma vasta biblioteca. Tomava livros emprestados e encantava-se com a musicalidade dos poemas de Casimiro de Abreu. Certo dia, abordado por Gilson Chagas e João Deusdete, fora-lhe perguntado:
- O que é simpatia?
A resposta veio do conhecimento adquirido por intermédio daquele poeta:
- Simpatia é quase amor.
Os meninos ficaram boquiabertos; decerto haviam lido este autor e queriam fazer uma preleção... Contudo, Monteiro Lobato é que lhe trouxera uma construção fraseológica que o impressionou bastante: algum personagem de Lobato teria saído em expedição cinegética. “Expedição cinegética?”, matutava como usar a frase no dia-a-dia. Quando teria oportunidade de enfiar uma expedição cinegética nos ouvidos de Gilson Chagas, de João Deusdete ou de algum outro colega? Nunca tivera oportunidade com estes, mas eis que, um dia, chegou o momento de levar outro interlocutor a queimar neurônios ao dizer à irmã caçula, então com nove anos:
- Vilzedir, Diassis foi caçar. Você fique aí na porta do armazém! Se alguém perguntar por ele, diga que saiu em expedição cinegética.
Não tardou e um freguês chamou lá fora. Prontamente, Vilzedir respondeu:
-Diassis saiu numa caçada cinegética.


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DO LIVRO: SENDA DE FLORES E ESPINHOS
- Adalberto Lima
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