LOBA.
Ana Zélia
Loba acuada num mundo selvagem.
Sem rota, sem rumo da volta pro lar.
Lançada que foi sem ter tido escolha.
Do mundo distante a que fora criada.
Tiraram-lhe o pai, a mãe, tudo.
Restou-lhe apenas a vida.
Tiraram-lhe o amor do lobo selvagem que se aproximava na época do cio.
Afugentaram-lhe os filhos da união mal formada, perdida sem rumo, sem rota na estrada.
Loba acuada num mundo selvagem.
Seu urro sem som, não é mais ouvido.
Só lhe falta a jaula a ser-lhe jogada, tentando assim, sonhar ser domada.
Pobre animal acossado, sem rumo, sem rota, prá casa voltar.
Num mundo selvagem, tão violento, pior que a selva onde fora criada.
Lá há união, igualdade, liberdade...
Respeito a tudo e a todos.
Maldita chegada do homem malvado, que visando o progresso, destrói todo o ser.
Falta-lhe o respeito à vida sagrada do bem maior que o Cristo criou.
Deu-lhe vida e alimento, que o homem tirou.
Loba acuada num mundo selvagem, sem rota, sem rumo, prá casa voltar.
Sozinha, tiraram-lhe tudo, o fiel companheiro ficou à distância.
Se um dia revê-lo nem mais o conhece.
As metamorfoses se fazem presentes, num mundo selvagem, frio, indomável, que a loba perdida tenta sair.
Assim é a vida dos grandes e escravos, quando conseguem algemas lhe por.
A vida perde o sentido frente à Liberdade.
PRISIONEIRO VIVO, MELHOR É MORRER.
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Manaus, 23.09.1989 (15h) Ana Zélia
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