Há algum tempo atrás eu trabalhava em uma loja no Centro de Curitiba . Um certo dia , a gerente pediu para que eu fosse pegar o jornal que ela tinha emprestado para a funcionária de uma outra loja , que também ficava no centro .
Então obedeci a ordem . Cheguei neste outro estabelecimento e expliquei :
- A gerente da loja em que trabalho emprestou um jornal para a senhora e perguntou se há possibilidade de devolve – lo agora .
Assim a moça , que estava lendo o periódico enquanto comia um x – bacon , entregou – me o jornal .
Quando eu estava na porta para sair daquele local , uma vendedora que viu tudo , exclamou :
- Diga para a sua chefe , que aqui ninguém vai comer o jornal !
Fingi que não escutei e peguei o caminho de volta para o meu trabalho . Quando , de repente , notei que um cachorro grande me seguia e mirava com olhos famintos para o periódico . Cada vez que eu acelerava o passo , aquele cão andava mais rápido também . Até que , num certo momento , o animal pulou para cima de mim e tentou comer o jornal . Desta maneira , corri e cheguei até a loja onde trabalhava . O cão ficou na porta e saiu de mansinho . Depois deste fato , coloquei o jornal na mesa do escritório e fui organiza – lo . Naquele instante vi que pedaços de bacon estavam grudados em várias páginas e a única folha que não estava suja continha uma reportagem sobre a Mulher – Melancia .
Pois é , com pedaços de bacon grudados e com notícias da Mulher - Melancia qualquer jornal corre o risco de ser comido por um cachorro de rua .
Luciana do Rocio Mallon