DE HONESTO A BANDIDO!
Ana Zélia
Ah! Bandido! Pequeno, falido.
Entregas-te sem ressalvas a qualquer um.
Te entregas como se fosse dono de mim, dos meus atos, atitudes.
Quantas batidas em horas indevidas?
Me tiras as roupas, me deixas despida frente a ele...
Empalideço! Coras-me o rosto!...
Bandido! Bandido! Bandido!
Um pangaré desbotado pulsa descontrolado.
Um vira-lata desqualificado! Manipulador!
Chantagista emocional, capaz de levar-me ao campo santo ou às mãos do açougueiro...
De honesto a bandido!
Vês pareço um espantalho de tanta magreza!
É o amor recolhido.
É o toma lá, dá cá;
Você machuca, fere e ainda sorrir feliz, por me ver caída, ferida.
Se não ficasses tão escondido em mim, por certo mandaria retirá-lo,
é o pior órgão que tenho, o vira lata desqualificado.
Bateu o dedinho, já se foi.
É um pobre coitado e ainda se dá o luxo de ter um nome complicado.
CORA ÇÃO! Que rima com tudo.
SOLI DÃO! ATRAÇÃO! ARMAÇÃO! PERDÃO!
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Manaus, 22.01.1994
Nota da autora- O coração de verdade é o criado mudo do olhar,
os olhos vêem e transferem ao cérebro o recado.
O bandido acata, acelera, sofre, para, mata.
Quem gosta de tudo isto são os Psiquiatras, Cardiologistas,
o bandido recebe “pontes de safena”, “marca passo”
e basta um nada para ficar todo arretado. É o coração.
Manaus, 06.02.2010. Ana Zélia
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