Fora do Tempo e do Espaço
Acalmei a peregrina dentro de mim
a dizer: Quero ver! Quero ver!
Lugar novos conhecer.
Jóias raras da natureza.
A beleza está ali, atravessada por
Rios lentos, caudulentos, ou bravios
a ultrapassar desafios.
Cachoeiras e cascatas, diamantes naturais.
Deviam ser o que são.
Nenhum homem chegar perto, muito
menos por a mão.
Onde o homem pôs cimento, ficou no ar
o lamento da natureza a chorar.
Parei de peregrinar. Nunca me deixei cegar.
O que chamam de progresso nada tinha para me dar.
Olhava prédios altos sem sentimento nenhum.
Sem quintal, sem roseiral, sem parreiras a bordar
aquela casinha branca, as janelas, o portal.
As uvas cresciam ali, crianças curiosas a espreitar
pela janela o que havia dentro dela.
Pássaros e crianças a disputar nos galhos das árvores
o melhor lugar.
Prédios altos são cubículos onde se empilham almas
que precisam se educar.
Os sentidos com pouco se contentar.
Vida apertada, alma grande atrofiada.
Lita Moniz
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