Sem tradução
Que saudades eu sinto de casa
Dessas coisas que me fogem no sono
Das paisagens que somem quando acordo
Dos mundos inexatos que me circundam
E me anulam como magma
Tenho saudade e por isso não contenho
A revindicação da soluço pela garganta
Os pés a atingirem o solo com força
Os acordes a sibilarem no spleen desse dia
Os cataventos a roubarem o pólen e o perfume
Tenho saudade e isso me consome,
É uma cisão, uma explosão e um mito,
Uma anulação constante, a terrível queda,
O mundo a me dizer as falas roubadas,
O isolamento de uma montanha, e o ar
Ficando cada vez mais raro, e as memórias
Ficando mais vivas, e se redobra as vãs
Passagens. Cortem o ponto,
Eu não quero me lembrar.
Saudades de um mundo e de uma atmosfera,
De uma lâmpada a acender e eu entender os desejos,
E repartir as considerações entre animais carnívoros,
E depositar debaixo das pitangueiras alguns lamentos
Que ninguém ousará incluir em discursos.
Eu vou criar um novo verbo
Eu vou tocar os sinos e trazer o jornal de domingo
Eu vou criar a fantasia e os incríveis poderes
Eu tenho saudades de casa,
Da família, do meu amor, das nuvens cinzas,
Dos dias lentos e bonitos.
(Eder Luis T. Kamitani)
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