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Poesias-->A FOLHA -- 09/07/2010 - 13:34 (João Ferreira) |
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A FOLHA
Jan Muá
09 de julho de 2010
Agora que está regressando
Ao eido que a presenteou ao mundo
Podemos contar sua história
Tempos atrás o destino a gerara como um tenro broto
Passou por luzes e sombras
Por chuvas e ventos.
Agora está ali prostrada
E abandonada
Seu tempo de folha acabou
Se despede seca
Sem mais força
Para participar do alegre baile do vento
Seu rosto parece o de um ser decadente
Condenado ao exílio
As pessoas
Só a pisam desalmadamente
Insensíveis
Todas a esquecem
Teve uma vida linda
E uma história verde
Parte meio abandonada
Se despedindo de um ciclo de vida
Que lhe dava alegria e bem-estar
Tinha mãe
Tinha húmus e sol e chuva
Mas nsta hora
Só lhe assiste a prostração
Quem diria?
Era tudo tão bonito
Rosto voltado para o horizonte
Tendo o lago como vizinhança
Todos os dias visitada pelo sol da manhã
Com a brisa pegando leve
No jogo de uma dança vital
Transbodando alegria e sonho...
Sim
Era uma folha
Foi uma folha
Teve um ciclo
Por ora, é outra coisa
Sua festa acabou
Sua pátria de destino
É o chão frio
Onde se perderá
Anonimamente
Para se dissolver devagarinho
Na mestiça geologia da terra
Que já se programa
Para reabsorvê-la
No jogo misterioso
Da vida secreta da matéria
Não terá adeuses
Para confortá-la
Nem pompas fúnebres
Nem coroas de flores
Só este meu olhar
E este poema
Para servir-lhe de nobre túmulo
Para sempre.
Jan Muá
9 de julho de 2010
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