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Cartas-->carta ao Apagão -- 30/09/2001 - 16:33 (maria da graça almeida) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Carta ao Apagão
(que poderia ser ao José ou, igualmente ao João)
E aí, heim... Apagão! ( ou José ou João)
Tão bem sentado no fofo sofá da inércia,
ainda que com o lampião reduzindo-lhe a visão!
Melhor poderia ver se enxergar tivesse querido.
Córnea não lhe faltou, grana também não.
Força, erga-se do sofá ou do assento do avião,
espie pelas janelas de seus olhos, então, apagados,
verá que poucos estão bem acomodados.
A essa posição, só Buda hoje faz jus,
posto que se levantou e a manga arregaçou,
ou melhor, a camisa arrancou,
por isso agora merece, sossegada,
a estátua, na penteadeira, sentada,
com o ventre obeso e nu aromatizado
pela fragrância dos importados.
Ei! Mexa aí seu traseiro descansado!
Não se quede a mirar o clarão da lua.
acenda as luzes das casas e das ruas,
e deixe os mortais desfrutarem o que seu suor conquistou.
Perfume-lhes o ventre, não com aromas franceses,
mas com o fruto que a tecnologia plantou
e que você, num seco golpe, friamente lhes tirou.
Ou, de outra forma, os que terão salvaguardado
o direito a uma estátua de ventre perfumado,
serão eles, que símbolos da escuridão, farão a denúncia cega
ao descaso daqueles que (feito você) sequer foram à luta,
e passaram pela vida alienados, com os olhos apagados,
os ouvidos surdos aos gritos alheios,
as mãos caladas dentro dos bolsos cheios.
Coragem! Levante-se antes que seja tarde!
Na ampulheta, a areia desliza e, rápida,
trabalha contra o tempo.
E desse modo, assim,
tão presentemente, ausente
quando, em pé, enfim se puser,
só para no colchão ir folgar os já folgados pés,
pesar-lhe-á a consciência,
que (pressuposta a existência) deverá estar sustentada,
não por leves travesseiros, mas por resistentes pilastras de aço
ou, por montanhas concretadas...
E que outros suportes resistiriam a uma carga tão pesada?

Maria da Graça de Almeida -junho/ 2001

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