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Contos-->A Gata Caolha : Uma Lição de Vida -- 08/08/2009 - 14:02 (Luciana do Rocio Mallon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Gata Caolha : Uma Lição de Vida

Capítulo 1 - Alguns Mitos Sobre os Gatos

O dicionário define gato como : felino mamífero . Porém sabemos que a palavra gato vai muito além desta mera definição .
O primeiro contato que tive com um felino foi na antiga casa em que minha família morava , em Curitiba , no bairro Jardim Centauro . Eu tinha 5 anos de idade quando , de repente , avistei um gato desconhecido no meu quintal . Então corri para abraça – lo e ele sumiu .
Naquele momento perguntei para a minha avó , que estava nos visitando :
- Por que o gato fugiu de mim ?
Assim ela explicou :
- Porque este bicho é um felino arisco de rua .
- Tenha cuidado com gatos porque eles são traiçoeiros . Afinal felinos não gostam do dono , e , sim da casa .
Naquela época fui a uma loja , de calçados , com a minha mãe e ela falou com a vendedora que queria trocar o sapato . Pois tinha comprado gato por lebre . Naquele instante pensei :
- Eu pensava que couro fosse feito de boi ...
- Nossa !
- Existem couros de gatos e lebres também !
Na volta pegamos o ônibus e avistei um neto malcriado brigando com a sua avó que ralhou :
- Zezinho , não me faça de gato – sapato !
Logo refleti :
- Pela expressão usada pela idosa ...
- Sapatos feitos de gatos não devem ter qualidade.

Capítulo 2 – “Animalterapia”

Em 1983 aos nove anos de idade , por sofrer bullying no primário pela dificuldade de aprendizagem , a orientadora escolar pediu para que meus pais me levassem a uma psicóloga . O consultório da profissional indicada ficava muito longe da minha casa , no bairro Vila Isabel , por isto eu e minha mãe precisávamos pegar o ônibus .
A clínica ficava numa casa antiga datada do século dezenove . Ao lado dela tinha uma casa abandonada . Um certo dia , antes de fazer minhas sessões , notei que naquela rua havia uma pastora – alemã abandonada , porém muito dócil . Naquele mesmo instante fiquei amiga da cachorra e ela passou a brincar comigo todas as vezes que me via . Logo pensei :
- Se fosse uma gata em vez de cachorra , será que ela seria minha amiga , deste jeito , assim ?
Alguns meses depois notei que a cadela desapareceu sem nenhuma razão . Naquele mesmo dia , a psicóloga recebeu uma nova paciente : Graziele . Ela era uma adolescente de treze anos , que não levantava a cabeça e nem falava . Então minha mãe chamou – me no canto e explicou – me :
- Esta garota ficou assim porque o tarado pegou .
- Por isto é que eu digo para você tomar cuidado ...
- Se alguém oferecer – lhe balas e caronas nunca aceite !
Naquela época não tinha tantos casos de pedofilia como tem agora . Mas sempre tive medo destes bandidos e por isto sempre estava em alerta .
Alguns dias depois , eu estava brincando no “parquinho” da clínica . Quando , de repente , vi a pastora – alemã . Porém ela estava com um olhar , triste , cabisbaixo e a sua parte traseira parecia estar muito machucada . Naquele segundo a psicóloga saiu da clínica para me chamar , viu o problema da cachorra , resolveu leva – la ao veterinário e adota – la .
Quando a doutora recolheu a cadela para dentro da clínica , o animal foi direto para o colo de Graziele , que ergueu o olhar para o bicho e pela primeira vez na vida vi aquela garota falar a palavra “oi” . A partir daquele instante a terapeuta decidiu fazer as sessões de Graziele junto com a cachorra . Quatro meses depois a menina voltou a falar normalmente .
Alguns anos depois , em 1997 , descobri que a cadela sofreu o mesmo tipo de violência que vitimou Graziele . Além disto , surgiram pesquisas afirmando que pessoas vítimas de estupro que fizeram terapias acompanhadas por animas , que sofreram o mesmo tipo de violência , tiveram um resultado melhor . Este método foi apelidado de “animalterapia” .

Capítulo 3 – Fazendo Amizade Com um Gato

Em 2001 mudei junto com os meus pais , do bairro Jardim Centauro , para o bairro Jardim Santa Bárbara , em Curitiba mesmo . Porém Gisele , minha irmã , ficou morando no antigo bairro . O mais interessante é que ela ganhou uma gata e este animal proliferou tanto a sua família que no final do ano Gisele estava morando com 20 felinos .
Na época meu sonho era ter um cachorra amarela da raça “labrador” , a qual eu colocaria o nome de Dorothy Alice . Porém isto era impossível , pois meus pais viviam dizendo que nunca aceitariam o fato de eu possuir um animal de estimação na mesma residência que eles .
No ano de 2004 minha irmã doou os gatos e ficou sem nenhum bicho de estimação . Porém em 2005 apareceu um gato caolho, cinza “moriscado” e com um dos caninos avantajado, bem no quintal da minha casa . Toda a vez que eu via aquele animal , sentia medo . Além disto , minha mãe vivia dizendo que aquele bicho era pesteado e feio .
Porém em 2006 , após sofrer uma violência moral em público , eu estava admirando a beleza do quintal . Quando , de repente , vi aquele animal deitado no jardim . Então , resolvi , chama – lo e assim o felino aproximou – se . Acariciei o pelo dele e ficamos amigos .
Todas as vezes que meus pais avistavam eu brincando com o bicho , eles reclamavam . Até que , com o tempo , eles se acostumaram .
Uma vez eu estava brincando com o felino no quintal . Até que minha irmã , que veio visitar a família , começou a brincar com o animal também e disse :
- Isto não é um gato !
- É uma gata e deve ser muito velha !
- Mas o importante é que ela é dócil e gosta de você !
Desta maneira eu falei :
- Então poderei chama – la de Dorothy Alice !

Capítulo 4 – Origens de Gata Caolha .

Eu nunca soube ao certo como Doroty Alice veio parar na minha casa . Porém tenho duas versões :
1º - A Gata Caolha Era da Gisele
Um certo , dia meu pai viu a Gata Caolha e falou :
- Aposto que este bicho era um dos gatos que pertencia à Gisele . Tenho quase certeza de que ela jogou esta gata aqui só para “sacanear” a gente .
Assim na próxima visita que a minha irmã fez . Ela aproximou – se de Dorothy Alice e exclamou :
- Boa – tarde , gata fofa !
- Esta gata caolha é braba com outros gatos , por isto ela perdeu um olho numa briga !
Desta forma eu indaguei :
- Gisele , esta gata é sua ?
- Ela era um daqueles vinte felinos que você tinha ?
Desta maneira ela respondeu :
- Esta gata é mais sua do que minha !

2º - A Gata Caolha Era da Falecida Dona Laura

Uma vez , dentro do ônibus , sentei – me junto com a vizinha que morava do lado esquerdo da minha casa . Deste jeito a gente começou a conversar sobre animais de estimação . De repente eu disse :
- A senhora notou que uma gata caolha apareceu lá em casa e ficamos amigas ?!
Deste jeito ela falou :
- Diz a lenda que aquela gata pertencia à Dona Laura , que morava na mesma rua que a gente .
- Falam que esta senhora foi passear no bairro Centro Cívico , com os netos , e no meio do passeio a turma viu uma gata sendo maltratada por um grupo de “playboys” . Ao avistarem um deles furando o olho do animal , os netos de dona Laura atacaram os mauricinhos e levaram o bicho ao veterinário . Após tudo isto , aquela senhora adotou a felina e colocou junto com seus outros três gatos . O problema é que os outros animais não aceitaram a presença da nova colega , começaram a persegui – la e foi , justamente , na sua casa que ela encontrou sossego .
Desta maneira eu comentei :
- Pois , é ...
- De vez em quando eu noto que um gato siamês amarelo de olhos azuis , uma gata angorá branca e um gato preto aparecem para agredir Doroty Alice ...
- Porém todas as vezes que eles atacam a gata caolha , eu pego uma vara e expulso eles , sem machuca – los , é claro .
Assim a vizinha completou :
- Pois , é ...
- Estes gatos que você citou aí são os antigos colegas , de moradia , da gata caolha .


Capítulo 5 – Lições Que Aprendi Com a Gata Caolha

Com esta gata aprendi várias lições e irei cita – las algumas abaixo :

1º - Nunca Desista Por Piores Que Sejam as Dificuldades :
Dorothy Alice gostava de caçar passarinhos no quintal . Porém , em 2006 , antes da minha mãe adoecer , ela gostava de varrer a varanda de casa e por isto vivia com uma vassoura piaçava nas mãos .
Uma vez , a gata estava prestes a pular em cima de um pardal . Quando , de repente , minha mãe sentou uma vassourada nela . Apesar disto Dorothy Alice não desistiu e foi caçar passarinhos do outro lado da casa .
Também notei que o fato da gata ser caolha não foi nenhum obstáculo para ela . Pois esta felina continuou caçando aves perfeitamente . Tanto que , na primeira vez , que avistei Doroty Alice falzendo isto , comentei :
- Esta gata caolha caça passarinhos tão bem ...
- E , olhe , que ela tem um olho só !
- Imagine se ela tivesse dois ...
Moral da estória : Nunca devemos desistir de caçar os pássaros de nossos sonhos , por mais que mais vassouradas que o destino possa nos dar . Pois o quintal da nossa vida é sempre imenso e repleto de possibilidades .

2º - Você Poderá Ajudar um Amigo Só Com a Sua Presença :

Num dia ensolarado de primavera decidi passar graxa nos meus calçados e deixa – los secando ao Sol . Quando meus sapatos estavam ao ar livre , Dorothy Alice aproximou – se deles e começou a se esfregar nestes calçados , com os seus pelos macios , como se eles tivessem o poder de acaricia – la . No final da tarde , peguei estes meus sapatos para lustra – los e notei que os pelos da gata já tinham feito boa parte do serviço . Pois graças a eles meus calçados estavam brilhando .
Lição da cena : você pode ajudar um amigo só com a sua presença .

3º - Quem Não Tem Cão Caça Com Gato :

O ditado que mais duvidei na vida foi este aí acima .
Como alguém pode caçar com gato ?
Mas Dorothy Alice ensinou – me que este ditado está mais do que certo .
Quando eu rezava para ter uma cadela da raça “labrador” foi quando a gata caolha surgiu do nada e mostrou – me que um felino também pode ser o melhor amigo de uma pessoa .Ela provou que o ditado : “gato não gosta do dono e , sim , somente da casa” é totalmente errado .
Uma vez meu pai ganhou amostras grátis de uma nova ração de cachorro . Então ele disse – me :
- Ofereça esta ração de cães para a gata ...
- De repente , ela gosta ...
Mesmo duvidando que esta ideia desse certo , resolvi dar aquela comida para a felina . Porém fiquei assustada quando vi que Dorothy Alice comeu toda a ração para cães . Logo pensei :
- Quem não tem comida de gato , come ração para cachorros .
Nos primeiros meses passei a oferecer leite , num potinho , para a gata . Porém meu pai não gostou da idéia e chamou – me a atenção . Como nem sempre tinha ração de bichos para dar ao animal pensei :
- Se a gata comeu ração de cachorros ...
- Bem que ela pode se alimentar da refeição preferida da sua presa :
- Pedaços de queijo !
- Afinal queijo é laticínio e gatos gostam de leite .
Naquele segundo ofereci um pedaço de queijo para Dorothy Alice , ela adorou e até hoje faço isto .
Moral da estória : muitas vezes os alimentos dos nossos rivais podem ser nossas principais comidas , também .

4º - Não Adote um Animal de Estimação , Espere Que Ele Adote Você

Muitas pessoas escolhem um animal de estimação pela beleza , sem pesquisar se a personalidade dele é compatível com a alma do seu futuro dono . Este é um grande erro . Por causa deste tipo de equívoco é que muitos animais de estimação são abandonados pelas ruas . Uma pessoa pacata jamais se harmonizaria com um animal travesso e
vice-versa .
Minha amizade com Dorothy Alice deu certo porque ela me adotou .

5º - Quando Receber Carinho Procure Estende – lo à Alma

Na primeira vez que acariciei Dorothy Alice , notei que ela tentava estender os carinhos para outros objetos . Ela se esfregava no muro como se ele fosse a extensão das minhas mãos e depois voltava para os meus braços .
Moral do ato : toda a vez que receber carinho no corpo , procure estende – lo para a sua alma pois isto faz bem para sua autoestima .

6º - Nunca Julgue uma Criatura Antes de Saber a Verdade

Um certo dia , resolvi colocar uma calça suja de molho . Para isto fui até a lavanderia que ficava em frente ao quintal onde a gata me observava . Eu ia colocar a roupa de molho , quando notei que estava com um relógio que não era a prova da água . Então , rapidamente , tirei o objeto e coloquei – o em cima da máquina . Depois mergulhei a calça de molho . Assim fui para o meu quarto . Chegando lá percebi que tinha deixado o relógio em cima da máquina de lavar . Fui até ao local e desesperei – me quando não encontrei o objeto . Deste jeito minha família ajudou – me a procurar o relógio . Então pensei em voz alta :
- Como meu relógio foi desaparecer de cima da máquina ?
- Ninguém estranho estava em casa ...
- Só eu e a ...
- Gata !
Após esta reflexão fui revistar o animal , que escondia uma coisa em suas patas . Mas vi que o objeto era apenas um caroço de pêssego . Mesmo assim ralhei com o bicho :
- Quem pegou o meu relógio ?!
- Só pode ser você , né , gata ?!
- Você fez com ele ?!
Naquele mesmo instante meu pai achou meu relógio dentro do balde onde a calça estava . Desta forma eu disse :
- Desculpe , Dorothy Alice !
- Pois agi de uma forma precipitada !
Lição da cena : nunca julgue alguém sem antes ter certeza , absoluta , do fato em questão .

7º - Toda a Lenda Tem Um Fundo de Verdade

Uma vez resolvi buscar no Google a seguinte expressão : lendas sobre gatos caolhos . Então vi num site que , nos Estados Unidos encontrar , um gato caolho é sinal de sorte e toda a vez que alguém encontra um bicho assim , para aumentar a sua expectativa de sorte , a pessoa deve cuspir na mão direita e dar três pulinhos .
Ora , Dorothy Alice só trouxe sorte para minha vida .

Conclusão Final :
Através deste meu relato é possível concluir que a “Animalterapia” funciona de verdade e traz excelentes resultados . Minha convivência com a gata caolha fez com que minha saúde física melhorasse e minhas crises de depressão baixassem .
Luciana do Rocio Mallon























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