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Artigos-->Os efeitos do Sucesso na carreira de Vera Fischer e Fagundes -- 31/12/2002 - 10:53 (Carlos Rogério Lima da Mota) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O sucesso, como dizia um grande poeta, é mesmo o objeto vicioso da nova geração - pelo menos é o que se imagina ao ver muitos jovens exaurirem as energias em prol da fama e do reconhecimento público. Não que almejar o sucesso seja ruim, é a meta de todos, desde que esse objetivo seja sadio, dentro do limite do próprio organismo, caso contrário, o sucesso inspirará o estresse, a depressão, por conseguinte, o insucesso!



Analisarei o sucesso e suas causas dentro da área mais desejada pela maioria da garotada: interpretação/ator/atriz. Para isso, usarei como ilustração de meu relato, dois dos grandes astros da mídia escrita, falada e televisiva: Antônio Fagundes (foto) e Vera Fischer.



Começamos pelo senhor “Gumercindo”, de Terra Nostra. Antônio Fagundes é de fato um ser privilegiado, sabe lidar com o sucesso, suas causas e efeitos, algo que falta a muito atores, até mesmo aos veteranos. Apesar de ter estreado na TV em 1972, na novela Bel Amy, na finada TV Tupi, o ápice de sua carreira ocorreu em Carga Pesada, seriado apresentado pela Rede Globo de Televisão, em meados de 1980. Pelo papel, recebeu do público e da imprensa, carinho suficiente para ajudá-lo na estruturação de sua trajetória artística. Com o mesmo carisma e competência de sempre, Fagundes emprestou a seu personagem astúcia e credibilidade, elementos necessários ao perfil do caminhoneiro, que, acompanhado do amigo, Stênio Garcia, vivia aventuras pelo Brasil afora.



Mesmo com o sucesso então alcançado, este mestre da arte dramática não cedeu sua personalidade, não deixou que a fama adentrasse sua alma e a devastasse, tornando-a foco do egocentrismo, comum em muitos atores; conservou sua vida particular distante da fantasia do palco, das telas, revelando talento até mesmo ao lidar com os sintomas originários dessa febre conhecida pelo nome sucesso, qual pode consolidar uma carreira ou repeli-la para sempre.



Fagundes caminhou até 1988, rotulado pela marca “talento”, todavia, ao protagonizar Vale Tudo – uma das melhores telenovelas da história da televisão brasileira – escrita por Gilberto Braga, onde fazia par romântico com Regina Duarte, foi criticado pela mídia por não conseguir dar ao papel a importância que deveria exercer na trama. Fagundes carregou esse penoso insucesso até 1991, quando protagonizou “O dono do mundo”, do próprio Braga. Mesmo a novela tendo sido considerada uma das piores de todos os tempos, ele, na pele do vilão Bruno Barreto – médico hipócrita, viciado em sexo - mostrou ter o talento qual é visto e admirado até hoje. O interessante é que ele soube aguardar o momento certo para explodir de fato. A consagração viria nas telenovelas seguintes: Renascer/ 1993; A Viagem/ 1994; O rei do gado/ 1996; Por amor/ 1997; Terra Nostra, 2000; Porto dos Milagres/2001.



Fagundes nunca se deixou contaminar pela pressão da mídia, do público, mantendo coeso seu objetivo e desenhada sua trajetória. O sucesso foi apenas questão de tempo, proporcionado pela personagem correta e bem interpretada. Nenhum momento, pelo que consta, ele cedeu às drogas ou mesmo aos caminhos mais rudes da vida por causa do insucesso de um ou outro personagem, afinal, intimamente sabia, o talento que então guardava era superior às oscilações esporádicas patrocinadas pelo sucesso/ insucesso, o que já não ocorreu com a musa Vera Fischer, a próxima estrela a ser analisada.



Vera, uma das mulheres mais belas do século, segundo dados recentes da pesquisa instantânea do Fantástico, jamais conseguiu lidar com as sucessivas oscilações em sua carreira. Seu talento tornou-se notório a partir de Mandala, escrita pelo saudoso Dias Gomes, em meados de 1987, novela que substituiu Roda de Fogo. Vivendo a personagem Jocasta, apaixonou-se pelo próprio filho, Édipo, interpretado pelo ator Felipe Camargo. A conduta de sua personagem foi tão desastrosa, que o caso passou à vida real. Motivada pela personagem, a ex-miss relacionou-se de corpo e alma com o rapaz, numa paixão considerada sem limites.



Amada pelos fãs, criticada pela mídia, Vera entrou em uma das fases mais conturbadas de sua vida... O romance com Felipe Camargo entraria em crise meses depois do término da novela. Apesar de Gabriel, filho de ambos, ter tentado, ao menos na teoria, alicerçar a vida do casal, o que se viu foi um festival de violência. Ela não aceitava perdê-lo, ele não a aceitava como esposa!



Em crise, Vera tentou agarrar-se ao sucesso a ser garantido pelas futuras personagens, objetivando sair do buraco que havia cavado e caído. Em 1992, viveu uma das protagonistas de Perigosas Peruas, de Carlos Lombardi, ao lado de Mário Gomes. Sua interpretação não convenceu nem mesmo ao público. Criticada, só, longe do apoio dos fãs, conquistado na época de Mandala, optou pela droga... A cocaína levaria uma das beldades brasileira à ruína!



Com a ajuda de Gilberto Braga, tentou reconstruir o próprio sucesso em Pátria Minha, de 1994. Novamente amargava o insucesso, tanto na vida profissional quanto na pessoal. Sua personagem era estranha, sem conteúdo, por esse e outros motivos, foi retirada no meio da trama em um incêndio desprovido de sentido. O que se viu a partir daí foram cenas lamentáveis.



Ela chegou ao extremo de atacar a imprensa (1997), dizendo não precisar dela e que, em suma, não passava de urubu em busca da carniça. Foi hospitalizada em seguida, sendo o tratamento custeado pela Rede Globo de Televisão, uma vez que sua fortuna minguara na compra das drogas. Melhor, retornou em seguida, em 1998, na pele de uma socialite, em Pecado Capital, versão atualizada por Glória Peres, a partir do original de Janete Clair, com a missão de elevar os índices de audiência. Em suma, parece cumprido a missão.



Em 2000, viveu novamente uma protagonista, dessa vez, numa trama de Manoel Carlos. Foi uma das inúmeras Helenas escritas pelo autor. Em 2002, arrasou novamente, na pele de Yvete, uma alpinista social, na trama de O Clone, uma das maiores novelas já escritas por Glória Peres.



Todo esse passeio pela dramaturgia brasileira tem um único significado: mostrar aos jovens que o sucesso deve ser alicerçado, construído ao longo de uma carreira, e que o verdadeiro sucesso vem com o tempo e será duradouro (lê-se Antônio Fagundes); o sucesso adquirido no auge da ingenuidade, na maioria das vezes, é passageiro e deixa seqüelas, cujo tempo, muitas vezes, não consegue reparar; caso consiga, os efeitos persistirão, ainda que intrinsecamente (lê-se Rafael do grupo Polegar e Vera Fischer).



Viver da fama momentânea é viver de ilusão, é acreditar que o futuro deve ser construído de vento e não a partir de ingredientes fundamentais, conhecidos como esforço, talento e perseverança! E o que vier depois disso será mera fantasia, coisas de novela!





* Carlos Rogério Lima da Mota, o autor deste artigo, é editor-chefe do Jornal NETnews (www.jornalnetnews.cjb.net). Seus textos são publicados semanalmente na coluna "Televisão". E-mail: carlos.netkids@bol.com.br



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