Soneto de um cronista
Quem me dera uma crônica
Que seja divina, leve e irônica
Como os passos sorrateiros
Do relógio pelos ponteiros.
Quem me dera tomar nota
Desse século que desbota
As tradições de outra era.
Essa confusão é sincera
E me faz observar, atento,
Como decanta todo relento
No descortinar da manhã.
Quando a parede louçã
Reflete o dia que eleva,
Registro aflição longeva.
|