Poema sugestionado por “Darkness” – Van Der Graaf Generator
São monstros.
Pequenos monstros que alimento
Com o que sobra de meus papéis.
São monstros cruéis, silenciosos, insatisfeitos,
Que criam outros monstros por sua vez.
Eles enxergam números na ternura.
Projetam no amanhã, um pouco de cinzas,
De canto e choro, de rezas.
Os monstros não sabem perder.
Diante de suas lentes e prismas objetivos,
Uma ponte e um abismo passam
Como navios sem porta
Numa galáxia de imaginação espúria.
Os monstros tentam afirmar
Que tudo é escolha. Que o azar é também escolha,
Que o subjetivo é escolha, assim como o ódio.
Os monstros tentam afirmar que a loteria
É uma escolha, uma escolha encantada.
E quando ensaiam os próximos passos
De seus planos de monstros, acabam por
Acharem-se humanos.
Humanos são monstruosos.
Humanos são escolhas.
Humanos são subjetivos.
Humanos são objetivos.
Dogmas de monstros
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