Érica,
enquanto, na sala de espera,
aguardava para o exame,
consumia-me a preocupação.
Sabia ser mais um,
entre a infinidade dos que já fizera mas,
a cada vez, tudo me parece a primeira,
e o medo e a insegurança
acabam sempre me dominando.
O painel registrava meu número
e levantei-me meio atordoada,
carregando um questionário de respostas incorretas.
Na verdade, dado ao desânimo e nervosismo,
pouco atenta estive.
E eis que na porta ,
despida da frieza comum
dos profissionais da saúde,
estava você!
Surpreendi-me!
Tão menina e tão segura,
tão competente e tão meiga!
Eficiência e sensibilidade
compõem um binômio milagroso.
Pena que poucos têm essa percepção.
O que comumente vemos é a frieza
dos hospitais e consultórios,
penetrando pelos poros dos homens da saúde
e vazando-lhes pela palavra, gesto e olhar.
O paciente não é só paciente no corpo,
é, sobretudo, na alma, que muitas vezes,
pelo fato de sabê-lo doente,
faz-se mais enferma que o próprio.
Isso ocorre sempre...
da mesma maneira que uma família,
tendo um dos seus num hospital,
também adoece e a cura só lhe pode vir
através do conforto e atenção.
Érica, não se permita entrar para o mundo dos semideuses.
Perpetue-se com este seu jeitinho angelical e doce,mesmo quando a competência tiver que falar mais alto.
Com carinho e gratidão,
Maria da Graça Almeida
Nb. Precisando de amigos, estamos aqui.
Há uma família inteira para recebê-la de braços e corações abertos.
Sinta-se bem-vinda!
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