DO GRITO PRIMORDIAL
Jan Muá
24 de julho de 2011
Da beirada de uma falésia
Junto ao mar
Um vulto de mulher fazia ecoar
Sonoro e prolongado grito de alegria
Como se quisesse dizer ao imenso oceano
Que dentro dela havia uma força nova que descobrira
Este grito soava de tal forma que dava a impressão
De que nesse gesto
Queria mostrar a si mesma
A força e a alegria que lhe dava
Sentir-se a si própria gritando para o infinito
A todo o mundo queria mostrar o contentamento
Que a invadia
E revelar o novo poder que surgia dentro dela
Queria editar dali do alto das rochas plantadas
Na costa marinha
Um grito solene e incontido
Formado de milhares de ondas sonoras
Capazes de o repetir em eco cósmico
Pelo infinito espaço
E pela circunstante maresia
Queria que este contentamento interior
Que não lhe cabia dentro
Fosse mais do que um grito
E propagasse pela terra inteira
A voz de sua individualidade
Com os tons de uma sensação forte e inexprimível
Que igualassem a grandeza do que se passava dentro dela
Sem o risco de se perder nos silêncios
Do dia a dia
Queria enfim que o universo captasse
Este grito
E soubesse que havia em sua alma a consciência
De uma pessoa que acabava de se descobrir
E que este descobrimento que irrompia
Com tanta força
Era algo maior do que o próprio grito.
Jan Muá
24 de julho de 2011
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