Como se Fosse Rica
A minha estrada não sei como chegou aqui,
E se deteve ali.
Bem perto daquele penhasco construí o
o meu casebre.
Como se fosse rica apreciei a paisagem.
O rio, um lago manso, sem pressa de passar.
Achei um porto seguro para a minha embarcação
ancorar.
Como se fosse rica deixava entrar a sombra do
barco do barco à vela que me veio visitar.
Aquela aparição sabia-me a procissão de barcos e
árvores antigas.
Exploradores das primeiras expedições querendo
no meu palácio entrar com mil histórias para contar.
Come se fosse rica, dona de uma riqueza transparente.
Ia assim me apresentar.
Sou dona deste pomar de riqueza milenar.
Aqui nascem frutas de um sabor sem igual, algo assim original.
Joias raras procuradas para enriquecer os banquetes de
rainhas e fadas.
Como se fosse rica, na mesa a toalha mais bonita, no centro,
um arranjo de flores.
O vaso, uma caravela, a mais linda orquídea, a vela.
Em volta flores: fortunas, raios-de-sol, milagres.
Um arranjo feito por mãos de anjo.
E no prato, a cuidar que nada as venha perturbar, cardos com
Flores violeta com energia bastante para exorcizar qualquer
má intenção a chegar.
Posta a mesa vão chegando presentes da natureza.
Fibras, vitaminas, proteínas, sais minerais e muito mais.
Após o laudo banquete o viajante não cuidava de ficar.
Ali era só um pouso, um lugar para comer e descansar.
Como se fosse rica praticava independência.
Vivia liberdade. Com sabedoria afastava a maldade.
Sem agruras no coração.
A beleza do lugar espantava a solidão.
Lita Moniz
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