Letícia era uma garota que amava receber e fazer cócegas. Sempre quando alguém estava triste, a criança chegava perto, fazia cócegas e a pessoa voltava a sorrir. Quando era a própria Letícia que estava melancólica e não tinha ninguém por perto, logo a menina abraçava uma árvore e fazia cócegas nesta planta. Desta maneira o vegetal retribuía o carinho fazendo as folhas caírem e acariciarem os cabelos da garota.
Na terceira série do primário Letícia teve aulas com Genoveva, uma professora muito rígida, carrancuda e que não dava risadas nunca. Então esta menina falou para sua amiga Carla:
- Eu tenho uma idéia para fazer a nossa mestra sorrir:
- No último dia de aula, todos da turma pularão em cima dela e farão cócegas nesta professora. Mas tem que ser no último dia, pois assim ninguém corre o risco de ser suspenso.
Carla comentou:
- Eu duvido que alguém seja capaz de fazer Genoveva sorrir. Mas, mesmo assim, avisarei a turma.
O tão sonhado dia chegou, a mestra abriu a porta e todas as crianças caíram em cima dela e fizeram cócegas. Deste jeito Genoveva deu boas gargalhadas. Então a diretora Abigail chegou e todos ficaram sérios, menos a professora. Deste jeito a chefe da escola comentou:
- Todos vocês estão de parabéns!
- Afinal, esta turma conseguiu o que todo o colégio achava impossível: fazer a professora Genoveva sorrir.
- Por isto, amanhã prepararei uma linda festa de encerramento de ano letivo para esta turma no pátio.
- Quem teve esta idéia de fazer cócegas, na mestra séria, deveria cursar Psicologia.
Estas últimas palavras ficaram marcadas na cabeça de Letícia. O tempo passou, a adolescência chegou e a jovem fez vestibular para Psicologia. Um mês após sua formatura, a doutora já estava com o seu consultório todo montado, privilégio que só foi possível após fazer muitas cócegas em seus pais.
Lá ela atendeu uma paciente chamada Cíntia, que comentou:
- O meu principal problema é estafa por causa do meu chefe mal-humorado. Nada está bom para ele, tenho sempre que ficar até mais tarde sem receber hora-extra e nunca vi este meu patrão dar um sorriso sequer.
Então a psicóloga comentou:
- Tenho uma solução:
- Faça cócegas nele!
A paciente falou:
- Isto é um absurdo!
- Se eu tomar esta atitude, com certeza, serei demitida.
Letícia disse:
- Será?!
Esta cliente continuou fazendo seções com Letícia, que experimentou a terapia das cócegas com ela. Toda a vez que Cíntia estava deprimida, a psicóloga mandava a mulher deitar-se, no divã, e fazia cócegas nos pés delas sempre com um instrumento diferente. Deste jeito a paciente saía sempre do consultório com um sorriso nos lábios.
Um certo dia, depois de três meses sem aparecer, Cíntia entrou no consultório gargalhando e disse:
- Doutora, resolvi meus problemas com o meu chefe.
Letícia indagou:
- Como conseguiu isto?
A cliente respondeu:
- Estávamos no meio de uma discussão horrível, então ele me demitiu. Assim fiquei com raiva e fiz cócegas nas axilas dele. O patrão deu várias gargalhadas e gostou tanto, que hoje estamos casados.
- Conclusão: arrumei um marido e continuo no emprego, com a diferença de que hoje sou bem tratada pelo meu patrão.
Também foi paciente de Letícia, um homem chamado Medroni que confessou para a psicóloga:
- O meu principal problema é que sou muito covarde, tenho medo de tudo: de me aproximar das pessoas, de chegar perto de animais ,e, principalmente, de ser assaltado.
Desta forma a doutora comentou:
- A primeira coisa que você tem a fazer é adotar um bichinho de estimação, de preferência um filhote. Então você deve começar tratando o animal com carinho, dando comida, abrigo, e ,principalmente fazendo cócegas nele. Mas, também, é preciso deixar que ele faça cócegas em seu corpo.
- Para começar, farei a terapia das cócegas em você.
- Por favor, deite-se no divã, tire os sapatos que passarei uma pena gigante em seus pés.
Medroni fez algumas seções com Letícia. Até que um dia, ele chegou gargalhando no consultório e disse:
- Doutora, hoje escapei da morte porque usei seu método.
A psicóloga falou:
- Como assim?
- Me explique, por favor!
O paciente respondeu:
- Um ladrão, com um revólver na mão, aproximou-se e exclamou:
- Isto é um assalto!
- Então, meu peito encheu-se de coragem, minhas mãos pularam em cima do sovaco dele e sua arma caiu no chão parando longe. Desta maneira fiz várias cócegas no sujeito, que gargalhou demais e deu um jeito de sair correndo.
Uma vez entrou uma mulher chamada Luxy, no consultório, que comentou:
- Estou casada há um ano e meu matrimônio já está se acabando. Tentei sair da rotina com o meu marido, indo ao motel e usando brinquedinhos. Mesmo assim ele vive dizendo que sou incapaz de faze-lo sorrir.
Deste jeito a psicóloga aconselhou:
- A solução é simples: basta fazer cócegas no seu esposo.
Na seção seguinte Luxy entrou sorrindo e comentou:
- Doutora, seu conselho deu certo!
- Meu companheiro ficou tão satisfeito com as cócegas, que liberou o cartão de crédito sem limites para mim. Isto é sinal de que seu método salvou meu relacionamento.
Hoje Letícia está escrevendo um livro de auto-ajuda que chama-se: Como Ser Feliz Fazendo e Recebendo Cócegas.
Luciana do Rocio Mallon
