Vitória
maria da graça almeida
Passo e emudecida, que fique a poesia.
Largo-a com ranhura e cicatrizes.
Deixo-a insignificante, como insuficiente a encontrei.
Sigo e trôpega, carrego lanhadas
mágoas, dores e descasos que no peito sufoquei.
Poesia, egoísta mulher,
incapaz de amainar decepções,
seu verso tão só afinou o soluço convulsivo,
do poeta diante da ansiedade frenética
da sobrevivência dos sentimentos.
Poesia ,caprichosa mulher, travestiu-se
de vedete para aumentar o êxtase
do riso ilusório e do falso “glamour”.
Nasceu indecorosa fingindo recato
diante dos que a conceberam religiosa.
Em vista do malefício, em face do vil ofício,
fecho a página do livro,amasso velhos papéis,
apago minha história, e encerro este poema,
cujo tema era a glória, o poder e a vitória.
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