O urutuau é uma ave, da família da coruja, que possui muitas lendas urbanas. Por isto leremos algumas abaixo:
Lenda Tupi-Guarani:
Há mil anos atrás, existia uma índia guarani chamada Nheambiú que era filha do cacique. Um certo dia, ela foi passear na floresta e conheceu um guerreiro tupi de nome Cuimbaé. Assim os dois se apaixonaram e começaram a namorar às escondidas. O problema é que, naquela época as duas tribos eram inimigas.
Uma vez durante uma briga, Cuimbaé virou prisioneiro dos tupis. Quando Nheambiú soube disto pediu para o cacique uma permissão para se casar com seu amado. Mas ele não deixou. Por isto Nehambiú ficou triste e saiu da taba. No meio do caminho a jovem encontrou um pajé que não era nem tupi e nem guarani. Ele disse que se a moça tomasse uma poção mágica e fosse para o coração da floresta, ela encontraria seu amado e se casaria com ele, mas isto custaria um preço muito caro. Mesmo assim Nheambiú aceitou o trato.
Porém, quando o cacique soube que sua filha tinha desaparecido pediu para que os índios procurassem a donzela. Os guerreiros acharam a índia no formato de uma estátua de pedra. Quando o cacique tocou em sua filha, a moça virou uma espécie de coruja parda e saiu voando. Assim os índios batizaram aquele bicho de urutau, que seria uma junção da palavras tupis: guyra, que significa ave, com táu que quer dizer fantasma.Diz a lenda que este bicho chora quando a Lua aparece no céu em busca de seu grande amor.
Lenda Amazonense:
Reza a lenda que no início da Terra só existia o dia porque a noite dormia nas profundezas do Rio Amazonas com Boiúna, a cobra grande que era dona deste rio. Sempre uma vez por mês, esta cobra virava uma mulher bonita que deixava os homens apaixonados. Um dia Boiúna teve uma filha muito bonita que cresceu e casou-se com um índio. Porém a moça nunca dormia com ele, alegando que nunca era noite e só se sentia à vontade para ter intimidades no escuro. Até que um dia, o rapaz mandou alguns amigos buscarem a noite no fundo do rio. Então Boiúna entregou a noite dentro de um caroço. Ao chegarem à tribo, os índios abriram o caroço, libertaram a noite e tudo escureceu. Mas, a filha da cobra grande decidiu separar a noite do dia e pegou um fio de seu cabelo e transformou-o em ave e exclamou:
- Você será cujubin e cantará sempre que a manhã estiver chegando.
Depois ela pegou o fio da sua franja e gritou:
- Você será coruja urutau e cantará sempre que a noite chegar!
Desta maneira o dia passou a ter dois períodos.
Lenda Portuguesa:
Na época do Brasil-Colônia, no meio de uma vila, existia uma moça chamada Lola. Ela era muito feia, com cara de coruja, e por isto não conseguia arranjar namorado. Como ela era triste, sempre saía à noite com um capuz que cobria-lhe o corpo e o rosto.
Uma certa noite, um rapaz caiu do cavalo no bosque perto da casa de Lola. Então, no meio da escuridão a moça resolveu ajudar ao homem que, encantado com sua gentileza, naquela noite muito escura, a pediu em casamento. Mas, naquele exato momento, a Lua surgiu iluminando o rosto da donzela e mostrando sua feiúra. Então, o cavaleiro, muito assustado, saiu correndo.
Desta maneira, a jovem cantou:
- Foi, foi, foi, foi...
Algum tempo depois apareceu uma bruxa na casa de Lola e esta contou à feiticeira tudo o que aconteceu e pediu para que a transformasse em uma coruja, de uma vez, para que pudesse correr atrás de seu amado fujão. Então a bruxa transformou a donzela em uma coruja cor de madeira. Porém esta ave não achou seu pretendente. Assim ela voltou e pediu para a feiticeira que a transformasse em mulher novamente. Desta maneira a bruxa exclamou:
- Nada posso fazer, sua urutau!
É por isto, que quando a Lua surge no céu, o urutau solta aquele grito que diz:
- Foi, foi, foi, foi...
Lenda Asteca:
Uma certa noite, uma linda índia asteca ficou muda. Então o feiticeiro da tribo falou que a única solução era a moça receber uma notícia triste para sair do seu coma profundo. Deste jeito, seu pai exclamou uma mentira:
- Seu filho morreu!
Então a jovem virou uma coruja e todos ao seu redor se transformaram em árvores fitando a Lua. De repente, esta ave começou a cantar:
- Meu filho, foi, foi, foi...
Reza a lenda que quando uma criança em uma casa está prestes a morrer, aparece um urutau no quintal e começa a cantar:
- Meu filho, foi, foi, foi...
Lenda Religiosa:
Na época do Brasil-Colônia, havia uma bruxa muito bonita que foi expulsa da vila porque as mulheres achavam que a feiticeira estava corrompendo os jovens e roubando seus maridos.
A bruxa foi para a floresta, mas para se vingar jogou um feitiço fazendo com que as filhas das mulheres da região se perdessem na luxúria. As mães assustadas pediram para que o padre fizesse exorcismo nas jovens, mas não adiantou. Até que uma idosa índia disse ao sacerdote:
- Sei de um feitiço que trará a castidade e vergonha, novamente, para a cara destas moças. Para isto farei um amuleto com penas da coruja urutau.
O padre consentiu:
- Faça o que quiser. Mas liberte esta vila da luxúria.
Então a índia matou urutaus, deixou suas peles secas ao Sol e fez colares com estas peles. Assim ela fez amuletos com este material e depois colocou os colares no pescoço de cada jovem. Desta maneira as moças nunca mais sucumbiram às tentações da luxúria.
Luciana do Rocio Mallon
