A LÁGRIMA TEIMAVA EM CAIR,
DIANTE DO UNIVERSO DE IMPOSSIBILIDADES.
A LÍNGUA ENCOSTAVA NO CÉU
NA TENTATIVA INÚTIL DE ESTANCAR O CHORO.
OS OLHOS SE ENCHIAM E SE ESVAZIAVAM
A CADA MINUTO.
TODOS OLHAVAM TENTANDO IMAGINAR
O QUE ME AFLIGIA.
NADA! NÃO ERA NADA! É SEMPRE NADA!
TAMBÉM ERA TUDO! É SEMPRE TUDO!
OS OLHOS ARDIAM COMO FOGO
E A LÁGRIMA TEIMAVA,
SORRATEIRA,
TENTANDO ESCAPAR EM UM CANTO OU OUTRO.
VOLTA E MEIA, FINGIA COÇAR OS OLHOS
NUMA TENTATIVA ESTÚPIDA DE PARECER SECA,
MAS POR DENTRO BROTAVAM NASCENTES.
A VIDA É ASSIM.
SOMOS SEMPRE O QUE APARENTAMOS,
DE FORMATO ADEQUADO,
DENTRO DE TODAS AS REGRAS,
ENQUADRADA EM TODOS OS CONCEITOS
EM QUE SOMOS CRIADOS.
POR DENTRO, SOMOS RIOS DE LÁGRIMAS
SOMOS A PRÓPRIA INUNDAÇÃO
QUE NOS AFOGA NO AQUÁRIO DO COTIDIANO.
MORREMOS UM POUCO A CADA DIA,
PROCURANDO O QUE É MELHOR
O QUE É MAIS CERTO,
O MAIS ADEQUADO,
O MAIS CORRETO,
INDEPENDENTE DO PRAZER
INDEPENDENTE DA FELICIDADE.
E MESMO QUE TODAS AS LÁGRIMAS SEJAM ENGOLIDAS,
E MESMO QUE A APARÊNCIA SEJA SAUDÁVEL
DE UMA EXTREMA FELICIDADE,
MORREREMOS MAIS RÁPIDO,
AFOGADOS POR UMA INUNDAÇÃO INTERIOR,
QUE A SÓS, PODEMOS MENSURAR.
VALENTINA FRAGA |
