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Infanto_Juvenil-->UM HOMEM CHAMADO ADAMASTOR -- 19/08/2004 - 22:21 (Edmar Guedes Corrêa****) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM HOMEM CHAMADO ADAMASTOR

Havia um homem chamado Adamastror que vivia sozinho numa pequena casinha no alto de uma montanha. Diziam ser ele um homem muito mau e de aparência horripilante. Mas quando se perguntava se alguém tinha se encontrado com ele, ou falado com ele ou ido à sua casa, a resposta era sempre a mesma: não!
Alguns garotos diziam que o tinha visto roubando objetos das casas que ficavam no vale durante a noite; outros diziam que o haviam visto roubando aves dos galinheiros da redondeza; outros ainda diziam que o tal homem raptava crianças para comer.
Aquilo tudo começou a intrigar Betinho, um garoto de treze anos que morara muitos anos na cidade. Mas que agora viera morar no sítio que fazia divisa com as terras daquele homem que tanto se falava dele.
Certo dia Betinho resolveu investigar toda a história. E quando seus pais foram à cidade, deixando-o somente com a empregada, ele aproveitou para ir à casa do temível Adamastor.
Após o almoço Betinho se armou de uma vara, não para se defender daquele homem, mas para se proteger de cobras ou outro animal que por ventura pudesse encontrar pelo caminho, já que precisava andar pelo mato, pois não havia uma trilha definida que o levasse á casa de Adamastor.
Havia sim uma trilha que terminava na estrada de Santa Paula, mas esta passava um pouco longe da casa de Betinho. Subindo o morro e cruzando um matagal se chegava lá com menos tempo.
Cerca de quinze minutos depois, Betinho se aproximou da casa.
Era uma casinha de barro, coberta com palha. Ao redor via-se um pequeno terreiro onde galinhas acompanhadas de pintinhos catavam restos de comida. Via-se também um cão vira-lata dormindo tranqüilamente à sombra da porta. Um pouco á esquerda, via-se um cercado onde dois porcos dormiam tranqüilamente.
Betinho ficou, às escondidas, atento a tudo que se passava naquela casa para se certificar de algo suspeito. Mas tudo parecia normal, igual a tantas outras casas daquela região.
Passaram-se alguns minutos. Então ele ouviu alguém se aproximar.
Por alguns instantes ele manteve-se tão quieto que até prendeu a respiração. Havia chegado até ali, mas agora estava com medo do que poderia lhe acontecer caso fosse descoberto.
Adamastor parou diante da porta e depositou a enxada que trazia nas costas. Na outra mão via-se duas raízes de mandioca. O cão, de tão acostumado com a presença do dono, nem mesmo de seu ao trabalho de afastar para lhe dar passagem.
Aquele homem tinha realmente uma aparência pouco agradável, todavia, não se parecia com nenhum monstro como Betinho tinha ouvido falar. Pessoas cuja aparência era bem mais repugnante, ele já havia visto por diversas vezes em Juiz de Fora. Quantos mendigos e maltrapilhos, cujo estado e cheiro causava até ânsia de vômito, já não haviam se aproximado dele? Aquele homem usava roupas velhas, rasgadas, barba e cabelos grandes e esfarrapado, mas não se parecia com nenhum monstro.
Adamastor entrou em casa e deixou a porta escancarada, donde saíram voando dois periquitos.
Por alguns instantes, Betinho hesitou entre se dar por satisfeito e retornar, e se aproximar e se apresentar. Por fim resolveu se arriscar e se deteve diante da porta e bateu palmas dizendo:
-- Ó de casa!
O homem apareceu na porta um tanto surpreso e perguntou:
-- O que você deseja, garoto!
-- Nada não, senhor. Eu estava andando por aí, e vi essa casa, e resolvi ver quem morava aqui.
-- Entra aí, garoto! Quer tomar café? – perguntou Adamastor.
Foi nesse momento que Betinho viu que Adamastor estava com uma canequinha, feito a partir de latinha de estrato de tomate, na mão.
Betinho pensou em sair correndo, mas não havia motivos para tal. Além do mais aquele homem estava sendo até cordial com ele.
-- Não, obrigado! Não estou com fome. Acabei de almoçar agora a pouco.
-- Não precisa ficar com medo. Não sou aquilo que dizem de mim por aí.
-- Não, não estou com medo – respondeu Betinho.
-- Então entre! Vamos conversar um pouco.
Ainda um tanto ressabiado, Betinho foi entrando.
De início, ele correu os olhos pela casa. Estavam na cozinha, onde jazia um fogão à lenha com algumas panelas sobre a chapa, uma mesinha de madeira com um bule, e quatro cadeiras de madeira. Apesar da simplicidade e da falta de conforto, tudo parecia limpo e bem arrumado.
-- Puxe uma cadeira e senta – disse Adamastor ao visitante.
Betinho sentou e então resolveu aceitar o café o que dono da casa resolvera lhe oferecer mais uma vez.
Durante horas Betinho ficou na companhia daquele homem. E assim teve a oportunidade de saber toda a verdade sobre aquele homem solitário. Era uma história triste, mas repleta de lances de ternura e amor pela natureza.
Assim, ficou ele sabendo que Adamastor fora um menino como qualquer outro; mas, quando entrou na adolescência, seus pêlos começaram a crescer em quantidade além do normal, o que lhe rendeu o apelido de “menino lobo”.
Aos quatorze anos perdera o pai. E a mãe, sem condições de viver por si própria, mudara-se para aquela casinha que pertencia a um tio. Cinco anos depois perdeu a mãe e passou a viver sozinho naquela casa.
Por causa da sua aparência pouco comum e devido ao preconceito das pessoas daquele lugar, ele preferiu se manter distante de todos para que pudesse viver em paz.
-- Mas, às vezes, me sinto tão só e isolado nesse fim de mundo que me ponho a chorar – disse Adamastor. – Nem me lembro mais quando foi a última vez que apareceu alguém por aqui.
-- Mas o senhor nunca tentou mostrar para essas pessoas que não era nenhum monstro? – perguntou Betinho.
-- Tentei sim, mas nunca obtive sucesso. Depois acabei desistindo.
Adamastor explicou-lhe como fazia para sobreviver. Contou-lhe que vivia da criação de porcos e frangos, e da venda de ovos, além da colheita de feijão e de alguns legumes que vendia para os comerciantes em Juiz de Fora.
-- Eu levo uma vida bem simples, e o pouquinho que ganho dá para comprar aquilo que eu não produzo no meu pedaço de terra.
Adamastor mostrou a Betinho sua criação de porcos, as cinco cabeças de gado, galinhas, patos, e levou-o à horta; e finalmente mostrou-lhe pequena plantação de milho e feijão. Adamastor ensinou-lhe muitas coisas, que para um garoto do campo não seria novidade; mas que para Betinho era tudo novo.
Finalmente, quando o sol começou a se esconder, Betinho teve que voltar para casa. Antes de retornar, ainda sentou à mesa com o novo amigo e tomaram café com broa de fubá. Só depois então se despediu prometendo retornar outras vezes.
Enquanto percorria solitário o caminho de volta, ficou pensando naquele homem e nas pessoas que o alcunhavam de homem mau, em como as pessoas, às vezes, são injustas e julgam as pessoas pela aparência e sem conhecê-las. Se havia algum mal naquilo tudo, o mal estava nos corações das pessoas, não na aparência daquele homem, vítima do destino.

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