>>> Não prometo <<<
Querem minha grana,
O gado de meus pensamentos,
A minha musa em êxtase.
Querem o sonho selvagem,
A grana tão verde,
Minha fé ancilar.
Não posso oferecer o ópio que estremece,
Sol poente e lua fugaz,
Não ofereço nem lira, nem parnaso,
Apenas lâminas geladas e dormentes.
Não prometo mais que papéis obsoletos
Para calçar mesas e acender fogueiras,
Não prometo mais que o abalo
De sinos, nem o arrepiar de grilos.
Não prometo mais
Do que a fadiga do mundo.
Nada além da esperança dos metais.
Nada que possa ser comprado.
Nada que possa ser achado.
Ainda assim, eu peço
Mais do que eu posso carregar.
Eu quero os satélites,
Quero campos e sorrisos.
Quero pressa. Ocupar corações.
Semear, na esteira de plástico,
A paixão incalculável,
O pensamento contido,
O esquecimento de si mesmo
Eder Kamitani
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