A cada dia que passa admiro um pouco mais as minhas filhas.
Hoje ambas estão adultas, batalhando por um lugar ao sol e acho que nunca disse a elas o quanto gosto delas.
Desde pequenas nunca me causaram o menor aborrecimento. Sempre carinhosas, estudiosas, responsáveis e cumpridoras de seus deveres.
Viajávamos ao menos uma vez por ano e elas nunca foram empecilho para que eu e mãe dela nos divertíssemos. Pelo contrário, longe delas é que não conseguiríamos nos divertir.
Apesar da liberdade que beirava o descaso que dávamos, elas nunca se aproveitaram para fazer nada que pudéssemos reprovar.
Sinto falta da companhia delas, mas sei que não posso ficar cobrando que venham me visitar. Uma por viver longe, São Paulo, e a outra, por levar ao pé da letra tudo o que eu digo, tem medo que eu interfira na sua vida questionando a sua maneira de pensar, dificultando a busca da sua própria verdade.
Tenho que deixar que elas vivam a vida delas.
O mundo de hoje não é o mesmo de quando eu tinha a idade delas na década de 60. Naquela época não havia a AIDS, nem dificuldade de emprego, nem tanta violência.
Não tínhamos tanta diversão e tantas facilidades tecnológicas, mas não vivíamos com tanto medo.
O que posso dizer para elas nestes tempos de sexo sem compromisso, de televisão embrutecedora e insegurança generalizada?
Nada, a não ser que o “velhinho” delas estará sempre esperando suas visitas com o coração transbordando de amor por elas.