O que há diante do espelho?
Apenas um rosto esquálido,
macilento,
lívido,
descorado.
Os olhos embaçados pela lágrima recorrente,
a pele seca, de quem já não tem
ambição pela vida.
Vive apenas das migalhas do dia a dia.
Não quer sorrir,
não quer olhar,
não quer falar.
Apropria-se do dever de cumprir
tarefas designadas.
Sustenta no corpo as dores físicas,
e principalmente das dores da alma.
Segue o rumo proposto
forçado,
enfiado goela a dentro
como numa engorda animal.
O que se vê no espelho
é apenas o rosto
cheio de resto
de tudo que poderia ter sido,
e não foi.
Valentina Fraga
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