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Contos-->A Espera -- 27/03/2012 - 11:35 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
...E os rugidos do Leão Enfático eram breves, mas múltiplos, de modo que minha saborosa vida se tornou mais adornada pelos momentos vívidos de tal jóia, que se pendurava no umbigo de minha existência. Ela, sempre ocupada. Um tal de sair daqui, uma outra aula ali, uma casa para visitar acolá. Agora entendo, difícil é entender ao0nde vai a cabeça de alguém assim que dá tantas voltas, tantas voltas. São tantos os cachos, tantos ais que eu nem conto mais, só assim quando eu ando solto à noite, cercado de luzes atentas e olhos que saem do escuro, em minhas marchas de animal noturno. Explico: eu saio assim, altas horas, com minha máquina fotográfica mental gravando os tipos que a fauna noturna oferece e os trago bem aqui ao peito, bem à minha memória indelével(eu consigo recordar fatos que surpeendem os atores passados com os detalhes de tais acontecidos...)e aí eu consigo pensar mais desanuviado, não sem antes o sobressalto de um tipo turvo que se chega e pede à queima-roupa um cigarro e um tostão para dar uns tragos, na maior calma e certeza. Dou-lhe o dinheiro, cigarro eu arranjo no bolso da camisa, prossigo minha faina crepuscular, andando de olhos abertos e anotando os irrequietos tipos que andam ali.

"Ma que cosa fai!" Era o italiano, reverberando com seus grandes olhos azuis e suas mãos calejadas e desamparadas por aquela figura linda, aquela fotografia desbotada, aquela megera de mãos de sereia. Sim, e agora, que fazer além de caminhar altas horas, nas calçadas cheias de poças espelhadas, que fazer?

Ah, vejo um oásis, é uma mesa vazia em um pequeno bar à beira da calçada, onde alguns casais conversam e um homem beberica um café antes de partir para suas tarefas de antes do nascer do sol. Pode ser que depois do café carregue a pistola, pode ser que vá à banca e desempacote os jornais que vão circular; pode ser que nada, apenas bebe ali o santo grão para aquecer os ossos depois de uma longa noite adentro da baleia que o engole todo o santo dia. Por que, meu Deus, o munda dá tantas voltas, tantas voltas?

"Quero ver como ficamos. Você me promete mundos e fundos, no fim não me dá é nada, só quer saber de me comer. Bom, vocês homens são assim, logo que saem de cima querem cuidar da vida. Eu não sou desse tipo, de jeito e maneira. Eu sou do tipo refinada, gosto de uma boa carne, embora só eu saiba o quanto de osso eu tive de roer. Mas não! Isso passa, até você passa, meu querido, então, como é que ficamos?"

Então foi assim que terminamos...Ficou algo mal parado, ficou uma espécie de sensação de distância e é engraçado como ela está logo ali, bem ao lado, aquele olhar matreiro que me espanta, aquele sorriso louco que atrai a todos, aquelas mãos enluvadas segurando um cálice...

--Garçom?
--Pois não?
--Gostaria de um bom vinho. Qual você tem?
--Hoje tenho um Borgonha de safra boa.
--Uma porção de queijo parmesão também.
--Desculpe a pergunta, senhor...Mas e sua amiga, nunca mais a vi!

Sua pergunta, um corte na minha alma; o tipo de pergunta que faz cair a ficha, ela não está mais ali, ela realmente existe, afinal até o garçom se lembra de sua formosura...Para onde raios a partam ela foi, que mal lhe pergunte?

--Pois é...Não a vi mais!
--Que pena! Ela gostava de sua companhia. Dava gosto vê-la sorrir!
--Dava mesmo.

E era um riso contagiante, que iniciava baixinho e às vezes estourava como uma onda imprópria de sonoras gargalhadas...E olhos se voltavam mas se perdoava tudo em tal belezura...

--Sumiu, meu amigo. Sumiu de várias vidas,só espero que esteja bem. Complicada nossa amiga!
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