Política (soneto)*
Parece que o soneto "Zero", que está no meu livro "Magia", p. 96, composto há mais de 40 anos, ainda se encontra atual.
Zero (*)
Nada somos e pouco possuímos
Nesta existência. Ilusão. Política
Domina. Gente quase paralítica
Vota enganos e espera achar os cimos.
Sujeira grande sempre descobrimos.
Pobre população semirraquítica,
À mercê de tiranos, nem faz crítica
E emporcalha-se toda em podres limos.
Com o rei na barriga, esses Pilatos
Lhe negam: leite, pão, angu e a sesta;
Maus e hostis, vangloriam-se dos atos.
E há o que vende a honra e até empresta
O nome por um simples par de sapatos:
Antes, um pé; outro, depois da festa.
(*) Brasília, DF, 20/05/1966.
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