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Cartas-->Fugindo de si mesmo -- 30/01/2004 - 13:56 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Quem conhece os outros é inteligente.
Quem conhece a si mesmo é sábio.
Quem vence os outros é forte
Quem vence a si mesmo é poderoso."
(Tao Te King)


Desde a primeira vez que me lembro ter escrito algo que não era uma redação para a escola e sim algo para mim nos meus diários da adolescência, aprendi a não economizar palavras e nem poupar os sentimentos quando fosse escrever sobre a minha alma e essência de estar vivo e ser humano.
Somos todos seres em processo, em expansão e em continuo crescimento, devemos rejeitar a tentativa de nos padronizarem e nos tornarem pessoas iguais, nossa identidade não depende do que compramos e nem do que usamos, somos muito mais do que isso.
Sempre soube que eu e quase todas as pessoas estão fugindo de si mesmas, tentando encontrar uma maneira de enganar a si mesmo e aos outros, fingimos não enxergar a luz de nossa consciência o que se esconde nos subterrâneos de nossa alma e na escuridão do inconsciente, o nosso grande inimigo não é o azar, a falta de piedade de Deus e nem o malévolo Demônio, o grande inimigo somos nós mesmos, é o nosso lado negro onde estão nossos medos, bloqueios e complexos e enquanto fugimos dele ele vai ficando mais forte até um dia que nos vence e nos paralisa.
Por eu ter nascido numa cidade praiana me lembro que desde a adolescência procurava o mar para extravasar minhas angústias e o tinha como um conselheiro, aquela imensidão ao mesmo tempo em que me acalmava e me acarinhava com a brisa que soprava de si e o barulho das ondas me prporcionava também pensar nos problemas como coisas passageiras.
O mar afetou de alguma maneira a minha forma de interagir com a vida e com as pessoas, algo em mim é diferente graças ao mar embora eu não consiga precisar, não consiga localizar...ás vezes sinto ter vivido uma vida mais longa do que os anos que tenho e muitos dos meus sonhos ficam sussurrando no meu ouvido: ”Vamos, torne-me real, vamos!”
Talvez seja muita pretensão minha dissecar a minha alma e a alma humana( partindo do pressuposto que exista um inconsciente coletivo) a procura de respostas do porque que estamos sempre fugindo, mas encontro na busca a razão de conhecer melhor os meus próprios labirintos, o simples prazer de auscultar os pensamentos e anseios me faz feliz e saciado, completo diria.
Quando descobrimos que o que chamamos de realidade é algo que não é absoluto e sim relativo, pois cada um enxerga a realidade de sua maneira e sob a sua própria perspectiva e ponto de vista, julgamos as pessoas e situações sem ter plenas informações sobre elas o tempo todo e fazemos isso por uma questão de praticidade já que não há tempo para checar todos o dados, preenchemos esses espaços vazios com os nossos palpites e preconceitos.
Isso acaba tornado a realidade menos real do que imaginamos, pois construímos a maior parte dela.
Diante disso encontro motivos suficientes para parar de fugir de mim mesmo e incluir no meu dia-a-dia a intuição, tentando me desvencilhar da minha mente treinada a pensar logicamente, descobrir em tanto as perguntas como também as respostas, quero transcender os limites do meu corpo físico, quero ser um oásis para mim mesmo diante dessa vida desértica, esmagadora e seca em que vivemos.

André Luis Aquino

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