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Cartas-->Um raio-x borrado da saudade -- 31/01/2004 - 01:57 (José Ronald Cavalcante Soares) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu aqui, longe do Brasil, já perto de voltar, sentindo aquele gosto esquisito e lusitano de relembrar, de esperar ver de novo, de ficar de goela entalada, aquele nó na garganta, aquele ardor nos olhos, aquele vulcão ativo no peito, aquelas pessoas amadas povoando nossos pensamentos e, de repente,na Globo Internacional, a Ana Maria Braga diz que hoje é o dia da saudade e recita um monólogo rápido do Falabela, remoendo as saudades que castigam de leve a vida da gente.
E eu que ando meio bobo, cultivando emoções desencontradas, dividido entre o país do Tio Sam e o nosso desvairado, mas sempre amado Brasil, fiquei com o ouvido atento, já que os afazeres do momento não me permitiam ver as imagens, captando a mensagem.
Depois, foram entrevistadas pessoas que sobreviveram o incêndio do edifício Joelma, São Paulo, uma reportagem cheia de recordações horríveis, inclusive com a cena do homem que tentava fugir do fogo, desequilibrou-se e caiu das alturas para a morte.
Aí eu pude imaginar que há vários tipos de saudade: a saudade leve, breve, boa de sentir, porque a gente sabe que o móvel, a geratriz, o epicentro dela, ou está próximo de nós, ou está para se desfazer e o convívio desmanchará; a saudade pesada, nascida dos traumas do sentimento, do convívio bruscamente interrompido pelo longo afastamento, pelo adeus, pela despedida, pela dor da separação; a saudade sem promessa do tempo, a saudade da morte, da seperação definitiva, do nunca mais voltar a ver; a saudade inexplicável e sugerida, aquela que a gente fabrica porque está tudo no seu lugar, mas, ainda assim, começamos a imaginar que as coisas sairam dos seus lugares, embora seja mentira, mas a mentira do poeta provoca desequilíbrio e a gente até sente a dor da saudade, mesmo sem que haja um só motivo para se ter saudade.
Saudade, que o poeta piauiense Da Costa e Silva chamou de "asa de dor do pensamento"; saudade, doce veneno que os portugueses inocularam em nossas veias inapelavelmente.
Hoje é o dia da saudade, segundo fui informado, e eu aqui pendurado no tempo, curtindo a saudade de lá e o começo da saudade de cá. Vá entender as pessoas!
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