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Contos-->CASADOIRA -- 30/08/2012 - 15:56 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Os lábios carnudos da vendedora, contornados com batom mel-avermelhado tinham curvatura semelhante a dois acentos circunflexos, um com o vérticepara cima e o outro com vérticepara baixo, ligeiramente abertos, prontos para jogar um beijo. O freguês não se conteve e deixou escapar... “BOCÃO!”  Ele não sabe se disse para si mesmo ou se pensou alto: “Vou casar com esta mulher!”

Todo ela dia pegava o metrô no Largo do Machado e descia na Estação Carioca. Via pessoas apressadas, outras, numa lentidão de causar tédio... Rostos de diversas feições, feições de diversos rostos fervilhavam na rua como formigas em torno do formigueiro. Pobre vendedora, morta de desgosto e cheia de tristeza de ver sua mocidade desabar como uma estrela cadente... Estava  cheia de vontade de dizer à rosa dos ventos que a vida não presta. Que as pessoas são árvores que andam, criaturas artificiais que vivem a mesmice de dormir e acordar, uma rotina, um caminho que não leva a lugar nenhum. Ou não. A vida é uma grande tela pintada com estilo e arte, uma paisagem de gente de todas as raças, mulheres de todas as taças à procura de marido. Há homens de short e de camisa regata, outros de terno e gravata, sentados ou pendurados nas barras do trem como roupas no varal.Ela, Talita,   não pleiteava um herói de pancadaria em  teatro de mamulengos. De modo algum  invocaria frei Gaspar de Santo Antônio, mas o próprio Santo Antônio casamenteiro de Pádua para lhe conseguir um marido. E, embora não alimentasse sonhos de princesa, queria um casamento simples, com poucos convidados e uma banda tocando a valsa nupcial. Queria se casar na noite, na rua, no céu, no mar, mesmo e ainda que fosse com um personagem de livro como aqueles das crônicas poéticas de Drummond. Poderia ser gauche, vesgo, até mesmo um galo de Campinas ou  de Quintino,  desde  que fosse homem! Ela estava cansada de comprar o beijo de valdivinos com o salário da loja. Valdivino não pensa no futuro. Tudo que ganha gastava com anabolizantes, e com academia de musculação. Ela tinha outra luta, uma batalha contra o calendário.

Era festa do padroeiro  o coração acelera: dindãodindãodindão. O sino toca anunciando Deus  na  Trindade  de  três notas Teo-Deo-Céu. A lira  de dez cordas recorda os Dez Mandamentos como eco gravado, no coração. Bate o sino no campanário: dim... dão... dim ...dão. Toca o coração da menina badalando igual sino dim...dão, dim...dão.Bate o badalo, toca o sino bate o coração-menino na  festa do padroeiro.O sacristão toca o sino. Dim... dão... dim...dão .E desce do campanário. O vigário começa procissão. O coração bate igual sino: Dim...dão...dim dão. Na festa do padroeiro o santo casamenteiro promete para o solteiro um par para seu coração dindãodindãodindão.

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