Insone, a cidade cochilava sob o manto da escuridão. Caiu a noite sem luar e sem estrelas, nenhum ser luminoso brilhava no céu. Vez por outra, o breu da noite era iluminado pelo clarão de foguetes, sinalizando a chegada de drogas ou a aproximação da polícia. Era o código. O número de explosões e a potência do explosivo informavam o tipo da mensagem enviada, se era alerta ou chamamento anunciando a venda de drogas.
A luz de emergência de uma viatura passa em grande velocidade seguida do som ensurdecedor da sirene. Biba e Leonardo se escondem nos escombros de um prédio em ruína. Precisavam adquirir mais drogas para o consumo. Tropeçaram num corpo inerte, morto ou drogado, eles não sabiam. Na esquina o cachimbo aceso não deixava ver a fumaça negra que saia da pedra branca, amarelada e de outras cores. Leonardo pretendia continuar no Rio de Janeiro vivendo um triângulo amoroso com Tila e a outra, até que se consumissem como pedras.
— Tila morreu — disse Biba.
— Não morreu — refutou Leonardo — Prostituta não morre. Muda apenas a máscara, o endereço e o nome ou fica no mesmo lugar e se casa.
A notícia morte de Tila foi divulgada em “Meia Folha da Madrugada”, um jornal de poucas páginas, desses vendidos no sinal de trânsito por um quarto de real:
Uma mulher de nome TilaHabran, conhecida na VM por Conchita, foi encontrada morta, na madrugada de ontem, em um quarto-e-sala da rua Ceará, com um tiro no peito, dois na cabeça e um na perna... Segundo versão dada por populares, a vítima explorava a venda de bebida alcoólica e drogas, e teria sido morta pela amante. A polícia suspeita de Biba, que vivia um triângulo amoroso com Tila e Leonardo. Biba e Leonardo não foram localizados pela polícia.
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