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Poesias-->Rio Doce -- 30/12/2015 - 21:26 (Márcio Filgueiras de Amorim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Rio Doce

Vida, morte e ressurreição

De um Rio Sagrado



Márcio Filgueiras de Amorim



Poesia





O Rio Doce...



Um olho d`água brota na montanha.

Água boa, fresca e límpida a correr.

Irriga a terra e faz brotar sementes.

Sacia a sede de pássaros e insetos.



Água serpenteia por pedra e terra.

Barulho manso que é canto de vida.

Junto a farfalhar de folhas ao vento.

Chilrear de pássaros. silvos, passos.



Peixes, caramujos, festival de vida,

Plantas aquáticas e nas margens.

Brilho do sol refletido em mil pontos.

Divino derramado permeando terra.



Água é signo de vida e de presente.

Herança ancestral de céu e da terra.

Divina lembrança ofertada a todos.

Pureza, tesouro uma oferta de Deus.



Forte se faz a medida que avança.

Cortando a rocha, a terra no curso. Irrigando matas e verdes campinas.

Animais, aves, ervas, flores, é vida.



Tão amigo do homem lhe transporta.

Alimenta, refresca e sacia sua sede.

Banha seu filhos e lhe alveja a roupa.

Permite cultura, bênçãos e morada.



A chuva...



Rio corre na terra, nas nuvens no ar.

Infiltra-se subterrâneo ainda um rio.

Rio que sobe dentro de cada árvore.

Rio em nossas artérias água da vida.



Chuva a cair como chorar de alegria.

Um renovar da alma do mundo todo.

A luz solar capturada por mil gotas.

Folhas crescem a renovar em verde.



Tamborilar ao cair a sinfonia única.

Espetáculo da natureza sem ensaio.

Uma cortina d`água a tudo encobre.

Esplendo de Luz retorna renovado.



Como o céu cuidando de seu Rio.

Qual filho querido a ser alimentado.

A chuva traz a força da renovação.

Que compartilha com todo seu vale.



A Flora...



Deus derramado em toda natureza.

Deusa flora como o Deus manifesto.

Da árvore frondosa a humilde grama.

Explosão de flores, frutos, sementes.



Floresta cerrada, camadas de vida.

Bosques, campinas, vales e montes.

Verdes e pinceladas de várias cores.

Que artista inspirado os veio criar?



Vida aquática, espetáculo, alimento,

Jardim delicado, explosão de vida,

Folhas entremeadas com caramujos,

Peixes a guisa de flores entre flores!



Sementes, voadoras ou flutuantes,

Projeto de seres lançadas ao vento,

Milagres, grandiosa árvore, intenção,

Minúscula grama, não importa, vida!



A fauna...



Somos uno com toda a natureza!

Batemos as asas com cada colibri!

Irmãos de insetos, répteis e vermes!

Corremos unidos com cada vivo ser!



Como os antigos acreditavam então,

Com as aves adentrávamos o céu!

Representados por feras no mundo!

E por serpentes nós subterrâneos!



Precisamos reaprender a unicidade!

Que a fauna rica representa a vida!

Que nossa saúde depende do todo!

Somos plenos se a terra também sã!



Voltar a auscultar o coração da terra!

Sentir os rios como artérias a pulsar!

Perceber as floresta como pulmões!

Contemplar no sol divino esplendor!



A vida...



O que representa a vida de um Rio?

A alegria de dar um longo mergulho?

De nossos peixes com filho buscar?

De nadar e outra margem alcançar?



O simples que ao perder se percebe!

Encanto, o pequeno está esquecido!

Que falta faz ao se negar a um filho,

A referência de ao Rio ser seu lugar!



Que herança maior que um dia legar,

Água boa, límpida, pura e cristalina?

Um Rio repleto de vida e de peixes,

Serpenteando dos campos ao mar?



Responsabilidade de ao outro deixar

Coisas tão simples que recebemos,

Que só valorizamos ao quase perder,

O nadar, mergulhar em vida, pureza!



Desconexão...



Desconectado com o fluxo de vida,

Que é o rio claro a correr pro mar!

Água pura e cristalina, chuva retida,

Berçário, paraíso, estrada e celeiro!



Desconexão que permite a morte,

Que fecha os olhos ao lento secar!

A morte de um rio é a nossa morte,

Da Floresta, dos peixes e campos!



Desconectado o homem está morto,

Inconsciente de nosso lento morrer!

Esquecidos da unicidade: homem,

Peixe, pássaro, mata, Rio e o mar!



Desconexão que é fechar os olhos,

Não se importar com a nascente,

Com a seca, a escassez de chuva,

O assorear que não chega ao mar!



Morte anunciada...



Um rio canaliza o fluxo da vida!

Água boa filtrada por mãe terra!

Continua no solo o rio dos céus!

Chuva recolhida entre florestas!



Terra nua e a vegetação cortada,

Tornar o rio antes puro, esgoto,

Poluir os campos, o ar e a água,

Sentença de morte certa anunciada!



A vida resiste bravamente se pode!

A flora renova o oxigênio em verde!

O vento infiltra em ar todo turbilhão!

Peixes teimam ainda em multiplicar!



Assoreado já não serve de estrada!

Rica terra se encaminha para o mar!

Seca de olhos d`água sem o verde!

Sem cabelos nada mais das águas!



Tragédia...



Barragens, que aprisionam morte!

Coletada a escória da ganância!

De forma descuidada, acumulada!

O que não recicla e estagnado está!



A terra revirada para extrair o ferro!

Que o espaço sideral aqui lançou!

A lama morta resultante aprisionada!

Insano não lembrar que tudo fluirá!



Se grandioso é o descuido, afinal,

Grandiosa será a tragédia no final!

Um rio de morte e lama e lágrimas!

Um fluir de dor, um tão pútrido olor!



Destruído o cenário já tão sofrido!

Assoreada a vida, morto todo o rio!

Apunhalado o mar em drama, horror,

Restará a esperança em Pandora?



A morte de um Rio...



Se a água traz a vida e a faz brotar!

Se um Rio representa a sanidade!

Se todo um vale com ele troca água!

Se Rio representa a cultura do lugar!



Como será seu funeral? Mortalha?

Pra qual velório há de se convidar?

Enterrado em lama morta e pútrida?

Que flores tétricas no túmulo lançar?



Onde há de perambular sua alma?

Onde seu espírito ficará a vagar?

Quem seu fantasma assombrará?

A todos nós, por certo, tão omissos!



Assumamos o ofício de carpideiras!

Cubramos de cinzas logo a cabeça!

Rasgadas nossas vestes em tiras!

Órfãos ressecados afinal estamos!



O sonho de ressurreição



Se Deus permitiu ao homem sonhar!

Se diferenciou o homem por pensar!

Se assim o fez da criação partícipe!

Se assim o é para o melhor e o pior!



Sonhar com fazer o Rio renascer!

Cuidar de sombrear cada nascente!

Topos de morro em floresta retornar!

Mata ciliar em seu trajeto replantar!



Repovoar de vida a água que surgir!

Cuidar de lixo e esgoto não no Rio!

Respeito, civilidade, cidadania, vida,

Que da tragédia reste consciência!



Cúmplices do homicídio se o fomos!

Não sejamos omissos com o reviver!

Se possível o renascimento, avante!

Trabalho hercúleo seus filhos unidos!



Ressurreição de um Rio...



Ressurreição é sempre um mistério,

Possibilidade com algo de milagre!

O nascer de novo e o que representa

Milagre e mistério de vida retornar!



Ressurrecto um rio é um universo,

Desde a pequena fonte que brota,

Trazendo vida ao leito de um rio,

Que serpenteia por floresta ao mar!



Ressurreição representa herança,

Poder aos filhos e aos netos deixar

Um mergulho no Rio e se refrescar

O poder um peixe ainda alcançar!



Ressurrecto com o Rio, o homem,

A vida, os peixes, florestas, campos,

A lavoura, o lento e o calmo velejar,

A cultura e o pertencer de um lugar!



O Rio renovado...



Todo Rio é fluxo, vida e cultura!

Todo Rio nomeia toda sua região!

Todo Rio acolhe como filhos seus!

Todo Rio é estrada, porto, amplidão!



Esperança de ter água boa e limpa!

Com vida abundante em explosão!

Ponto de pesca, lazer e irrigação!

Com margens cobertas de florestas!



Sonho possível aprender com o erro!

Ter bosques nós topos das colinas!

Mata ciliar nas margens pelos Rios!

Nascentes protegidas entre matas!



Que tragédia nós traga aprendizado!

Aprender com o erro é uma solução!

Ver a água límpida buscando o mar!

Fonte de vida, beleza, abrigo e paz!
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