A primeira família criou um médico.

Criou e venceu.

Curar gente foi a vitória.

 

A segunda família criou um poeta.

A família também venceu.

Mostrar a flor rara da poesia

chegava perto da glória.

 

A terceira família criou apenas seu filho.

Ela igualmente venceu.

Nenhuma família será igual no mundo

e se a mesma família sobrou neste filho,

(viu os pais morrerem

na Guerra Civil Espanhola),

ela é invencível.

Transformou-se  em flor rara,

em poesia a ser lida.

 

A quarta família criou muitos filhos

em várias profissões

e também venceu.

De forma  precária 

seus  filhos surgem em fotografias,

na mostra fotossensível do século XX.

Ganharam a guerra implacável

que exige a prova na conclusão

“éramos assim ”

e seus  risos em retratos hoje são façanhas.

Estão lindos nos teatros

no preto e branco de imagens,

dos Brasis de sonhos,

dos Portugais extremos.

 

Vejam os modelos ativos,

mesmo os perecidos!

Vejam o senhor Alaor! 

Hoje é um instantâneo na chegada.

Ele parado de chapéu em 1950,

está com a mão direita no bolso do paletó.

Desceu na cidade de Santos,

está quieto no porto.

Venceu um contratempo.

Parece que não irá morrer.

 

 

 

 

Do meu livro:"ADVERSOS E OUTROS MOMENTOS"