Velho casarão*
(Romeu Barbosa Jobim, que há pouco nos deixou)
"Meu coração é casa abandonada
que a ação do tempo envelheceu
e cujas salas vazias servem de morada
a fantasmas, morcegos e corujas.
Menina-moça que andas pela estrada,
sendo noite de luar, convém que fujas
desta triste mansão mal-assombrada,
de portas gastas e paredes sujas.
Segundo antiga lenda, nessas noites,
canta o bruxo que a habita (oh! não te afoites!)
e à sua voz, na jovem que o ouve, medra
fascínio tal que, em transe mais profundo,
ela transpõe as portas de seu mundo,
mas, quando o encara, se transforma em pedra.
*Romeu Barbosa Jobim, pioneiro de Brasília, desembargador, poeta, escritor, meu professor de português há mais de 50 anos. Seleção de Napoleão Valadares (Jornal da ANE nº 68, fevereiro/março-2016, p. 2).
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