Chega o outono em abundância
na insistência do orvalho,
no girar dos cata-ventos,
na incerteza dos atalhos.
Chega o outono enternecido
nas delícias dos amores,
no frescor da paisagem,
nos jardins chorando flores.
Chega o outono empedernido
nos olhares assombrados
dos retratos ressequidos
pela audácia do passado.
Chega o outono e os movimentos
que transpiram desalento
são retalhos de sorrisos,
são resquícios do verão,
vaga-lumes contundidos
que em meus olhos ficarão...
MARIA DA GRAÇA ALMEIDA
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