ORGULHO DE SER AMAZONENSE??????????
Ana Zélia
Sei não! Precisamos repensar se compartilhamos das mentiras ou retiramos as vendas da cara de muita gente que pensa que caboclo é burro,
se enganam, caboclo é inteligente.
Nasci nesta Manaus quentura, num mês de Todos os Santos, também de todos os defuntos.
Pertenço como Manaus ao signo da transformação, que vive de ciclos e de mudanças.
Num cruzamento de linhas, minha formação é de nordestinos com orgulho, porque em busca de novas oportunidades,
na grande seca de 1932, levas e levas deste povo guerreiro veio para o Amazonas.
Meus avós, meus pais chegaram aqui e me trouxeram ao mundo. Fui a quarta de sete irmãos.
ORGULHO DE SER AMAZONENSE????????
Fala sério!!!!!!!!
Por que da pergunta? Por que das cantorias?
Tenho orgulho de ser amazonense pela fibra de minha geração, pelos homens que desbravaram meu estado,
construíram minha cidade, do maranhense Eduardo Ribeiro, cujas obras o imortalizaram.
Orgulho do Grande Guerreiro AJURICABA, o Grande Chefe da Tribo dos Manaós,
orgulho de ter sangue indígena que enfrenta até hoje os brancos que não dirigem com mão de ferro o dinheiro destinado ao tratamento dos índios,
que enfrentaram os invasores, que deram ao Brasil esta imensidão de terras, de águas, de gente.
Não são os homens de hoje que merecem com raras exceções, de meu respeito como cidadãos, como políticos,
porque em sua maioria são homens de fachadas.
Por cima cambraia gaza, por baixo molambo só, rosto bonito trabalhado, voz educada, enquanto isto,
ferra a população com os engodos politiqueiros, homens que aproveitam a miséria humana,
as enchentes causadas por eles mesmos, que ao construírem as cidades, destroem as margens,
fecham igarapés, aterram os últimos sobreviventes da catástrofe da destruição.
Estes nunca me darão orgulho de viver aqui, de ser amazonense.
Porque em sua maioria não o são, se dizem ser e fazem com convicção, enganando a tola população.
É preciso vergonha na cara, coragem para continuar enganando estes moradores, dos bumbás de tradição,
onde correm rios de dinheiro, de patrocínios, de ambição. Depois voltam ao normal e pobre ribeirinhos.
Não posso ter orgulho de ser amazonense e esta musiquinha já irrita, pelo contraste,
Manaus vive a podridão dos poucos igarapés mortos pelos governantes, mortos pelos Prosamins da vida,
onde o povo se ver enganado com blocos e blocos de apartamentos e seus rios mortos,
as águas fétidas adentrando qualquer bueiro que encontrem.
Dá-me nojo de ouvi-los e pior ainda são os políticos, “nossos representantes”, que burlam as procurações que os damos quando eleitos.
Pelo povo nada, a eles tudo. Indenizações de férias, licenças não usadas. Tornam-se diferentes dos mortais que os elegem.
E ainda se dão ao cinismo das cobranças, eles podem, nós não.
Em vez das propagandas, dos gastos desnecessários para os criadores das musiquinhas irritantes,
deveriam empregá-las em educação, que vai de mal a pior, saúde, os jornais estampam hospitais de fachadas,
seres humanos atendidos em macas espalhadas nos corredores dos hospitais recém inaugurados. Uma vergonha.
Segurança, condomínios fechados invadidos por bandos de assaltantes, cidadãos mortos todos os dias nos coletivos,
nas ruas desertas e escuras, sem policiamento que os proteja. Ruas sem saneamento, águas fétidas escorrendo pelas sarjetas,
faltam esgotos, água encanada, em pleno século XXI, a empresa de águas ainda não fez chegar ao Parque Shangrilá, IV no parque 10,
nas margens do Mindu que morreu de inanição, sufocado pelas palafitas construídas com permissão política. (por exemplo).
Enoja-me repetir entre eles que tenho orgulho de ser amazonense, não entenderiam.
Igualaria-me aos malfeitores, aos “ETs” que por aqui passam, se elegem e se vão gozar em outros quarteirões, de outras populações.
Não posso omitir o meu protesto diante de uma música que tem vários significados.
O principal é o do ufanismo mentiroso. Convençam-me com obras concretas, com coletivos dignos,
com água encanada em todas as casas, com segurança aos cidadãos, com saúde, Educação.
Basta de Mentiras, de engodo ao povo.
Temos o nariz furado, mas não foi com pedaços de pau, nem para embelezarmos nossos rostos. Como diz o adágio.
“CABOCO PERDE TUDO, MAS NÃO PERDE A BOSSA!”.
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Manaus, 12 de julho de 2009.
Como escritora e poetisa, tento defender minha cidade, meu estado destas mentiras que circulam na cidade, em todo o Estado.
Falta muito para termos orgulho do que eles nos querem obrigar. Meu orgulho vai além,
representar o Estado do Amazonas no 3º Festival Internacional de Coros, em Porto Alegre, 1975 (Acadêmica de Direito),
participando do Estágio na Câmara dos Deputados, em 1977,
participando da Operação Nacional em Silvânia-GO, Projeto Rondon, em 1977,
Festival de Corais do Norte, em Belém-Pará, em 1977, isto me causa orgulho de pertencer a esta cidade, a este estado. Ana Zélia
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