O abraço que vinha por trás,
sorrateiro,
aguardava o descuido, para, de supetão,
prender-lhe a boca num beijo.
Deixa estar, que já no preparo,
havia marcado o encontro às claras,
meio da rua,
onde os olhos atentos,
inibiria qualquer iniciativa mais afoita.
Não que deixasse de gostar,
de admirar, o amor que me tinha,
pelo contrário.
Dentro da rotina estapafúrdia daquele dia,
onde as horas seriam poucas
para tantas visitas,
tantos reencontros
e problemas à resolver,
não permitisse ao menos um saboroso
café, num ponto histórico da cidade.
O amor e a admiração que me dispensava
chegava a ser constrangedor
pelo pouco que retribuía.
Foram momentos agradáveis,
partilhando novidades superficiais.
Ficou preservado o carinho,
a atenção, o cuidadoso,
por alguém que ama tão abertamente.
Nos despedimos com um abraço terno e demorado,
Coração no coração,
dizendo, até qualquer hora,
afinal,
é preciso preservar o amor,
seja do jeito que for.
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