Usina de Letras
Usina de Letras
69 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62137 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10447)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10331)

Erótico (13566)

Frases (50547)

Humor (20019)

Infantil (5415)

Infanto Juvenil (4748)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140778)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6172)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A festa dos pintos -- 08/09/2013 - 06:19 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A balancinha, juntamente com a lanterna de alumínio, o cantil, idem, mas forrado

com capa de feltro e as duas licoreiras de mamãe, compunham o cerne da

preciosidade de nossos bens. Havia também o punhal de papai, com sua bainha de

couro, mas sobre este estávamos instruídos a não meter o bico. Era arma e não

era coisa de pra correr em boca de criança. O que nos remete de volta à balança.

Era portátil, num formato tubular, com uma argolinha em cima e um ganchinho

embaixo. Media, se muito, um palmo infantil, mas servia pra pesar até velho senil.

Seu mecanismo era uma mola axial que, estendida, fazia deslizar um

marcadorzinho em forma de pino sobre uma plaquinha de cobre, toda sinalizada,

acho de de um a vinte quilos. E ainda entre os quilos, trazia os risquinhos das

subdivisões. Chegara em casa pela mão de papai e visivelmente era coisa de

segunda mãol, resultante de alguma catira ou compra de ocasião.

Embora com a punção "indústria brasileira" numa lateral da plaquinha amarela, não

sei se aferida, ou só presumida era ela. Verdade é que dava gosto ficar pesando as

coisas ou até mesmo puxar a argolinha numa mão e o ganchinho na outra só pra

ver o peso de nossa força.

E foi então, que num momento de ausência de pai e mãe em casa - o que

normalmente era breve, pois ambos trabalhavam em turnos alternados - que

pintou esbaforida a vinha Nita do Tõe Pinto, mãe de uma perrada interminável de

rebentos, e que encontrava ainda no correr do dia, do nascente ao poente, energia

pra fazer de tudo em sua casa, da castração de porcos, à picação da couve. E lá

entre nós dona Nita, irrompeu, se houve, se haver haveu. Vinha falando só, queria

que lhe pesássemos - com a balancinha - uma capanga de fubá, em que julgava

haver levado uma manta dalgum fornecedor, ou quiçá queria passar nalgum

comprador. Era em capangas de pano que se guardavam e se transportavam os

bens comestíveis. E sem alça, a capanguinha de Dona Nita, por suas mãos em

agitação, foi varada pelo gancho da balancinha. E pelo pesar nem chegou a passar,

pois rompido o tecido, ao chão todo o produto veio se esborrachar, bruto, um luto.

Que depois, o irrecuperável restinho fez festa a tanto pintainho.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 9Exibido 513 vezesFale com o autor