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Contos-->CRIANÇA NÃO TEM MALDADE -- 13/09/2013 - 14:43 (valentina fraga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Podia ser lá pelos idos de 78, não mais que isso. Tinha meus 12 anos de idade. Morava num bairro mediano, poucas posses, estudava em escola pública, e dava-me ao luxo de ter uma explicadora, coisa que mamãe não abria mão, pelo pouco tempo que tinha de acompanhar meu rendimento escolar. Por conta dessas aulas, pulei a primeira série do ensino fundamental, pois pouco aproveitava da aula e ainda atrapalhava o aprendizado dos outros coleguinhas.
Nesses tempo, lá em casa se ouvia muito uma música chamada "Seu Waldir", que dizia o seguinte:
Seu Waldir, o senhor
Magoou meu coração
Fazer isso comigo, Seu Waldir
Isso não se faz, não

Eu trago dentro do peito
Um coração apaixonado
Batendo pelo senhor
O senhor tem que dar um jeito
Se não eu vou cometer um suicídio
Nos dentes de um ofídio vou morrer

Estou falando isso
Pois sei que o senhor
Está gamadão em mim
Eu quero ser o seu brinquedo favorito
Seu apito, sua camisa de cetim

Mas o senhor precisa ser mais decidido
E demonstrar que corresponde ao meu amor
Pode crer
Se não eu vou chorar muito, Seu Waldir
Pensando que vou lhe perder
Seu Waldir, meu amor...

Neste caso, o meu Waldir era o marido da explicadora, senhor sério, de pouco riso, trabalhador, pacato,e eu, sem a menor preocupação com a letra da música e o que de fato queria dizer, cantarolava isso, na aula, e na frente de sua esposa, que tomava tudo em bom tom, pois entendia que não havia maldade, e não havia.
Muitos anos passaram e fui me tornando mocinha e chegando a juventude e não tinha vez, que visse seu Waldir e não repetisse o primeiro trecho da música.
Belo dia, já em idade de procurar emprego, cheguei em casa e contaram que seu Waldir deu um espirro, estourou uma veia na cabeça e morreu.
Nunca mais teria seu Waldir pra me ouvir cantar.
Tempos depois, quando encontrava com sua esposa e filhos, ainda tinham a lembrança da música que cantava, pendurada no muro da vila, todas as vezes que seu Waldir passava com o pão pra o café da manhã.
Ficou a lembrança e a saudade do seu Waldir, e ainda hoje quando lembro, posso ver o sorriso que abria, quando via aquela moleca pendurada no muro de casa, cantando essa canção engraçada.
De fato, criança não tem mesmo maldade,
do Seu Waldir ficou pra mim,
a lembrança e a saudade.

Valentina Fraga
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