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Contos-->Cigana da Fábrica de Fita(Corrigida) -- 02/11/2013 - 16:56 (Luciana do Rocio Mallon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lenda da Antiga Fábrica de Fitas de Curitiba

No final do século dezenove, uma caravana de ciganos chegou a Curitiba. Dentre eles havia a cigana Lyanka, que gostava de fabricar fitas e artesanatos com elas.
Uma vez, um caixeiro viajante visitou o acampamento e Lyanka apaixonou-se por ele. Porém, um mês depois, esta cigana descobriu que estava grávida e por isto foi expulsa do seu grupo.
Logo, ela conseguiu emprego como empregada doméstica, na casa de um casal de idosos. Mas, esta moça resolveu disfarçar a barriga de gestante com espartilhos apertados. Na hora de ter o bebê, Lyanka fugiu para a floresta com a intenção de que ninguém descobrisse o seu segredo. Lá, ela conseguiu ter uma filha sozinha, porém, como estava muito fraca, faleceu no meio do mato mesmo.
Alguns minutos depois, uma senhora que estava passando viu a cena, tocou no pescoço da moça, notou que ela estava morta e pegou a criança para si, toda sorridente.
Deste jeito, a mulher chegou, em sua residência, com este bebê nos braços e exclamou ao marido:
- Geraldo, veja o que eu achei no mato!
O homem olhou para a criança e indagou:
- Você roubou um neném, Albertina?
A mulher mentiu:
- Eu não roubei, eu achei. Pois, é como diz aquele velho ditado: ”achado não é roubado, quem perdeu deveria ter mais cuidado.”
O homem, desconfiado, perguntou:
- Tem certeza disto, esposa?
A senhora comentou:
- Sim.
- Agora, podemos realizar o nosso sonho de ter uma filha e ela se chamará Maria.
Desde criança, esta menina, demonstrou gostar de fitas e de fazer artesanatos com este tipo de material. Além de ser muito religiosa. Por causa disto, ela recebeu o apelido de Maria das Fitas. Seu maior sonho era aprender música e dança. Mesmo assim, esta menina dançava uma espécie de balé cigano pela casa e aos doze anos de idade ganhou seu primeiro violão. Sem falar que ela tentava aprender línguas estrangeiras através de revistas importadas velhas que Albertina ganhava de sua patroa.
Como os pais adotivos de Maria eram pobres, aos treze anos, esta menina precisou arrumar emprego. Por isto, um dia, ela saiu por Curitiba com o objetivo de preencher fichas de solicitação de serviço nas firmas, já que não queria trabalhar como empregada doméstica. Esta adolescente andou muito, a procura de emprego, até que chegou a Rua Ubaldino do Amaral e avistou um casarão onde estava escrito:
Fábrica de Fitas
Deste jeito, os olhos da garota brilharam. Porém, seu coração disparou de verdade, quando viu que na porta estava escrito:
Temos Vagas
No mesmo instante, a jovem entrou no estabelecimento e perguntou à secretária se ela poderia se candidatar a um dos cargos. Esta recepcionista disse que sim e deu uma ficha para Maria preencher. Assim, que a adolescente colocou seus dados no papel, a secretária levou o documento até a sala da administração e poucos minutos depois o gerente fez uma entrevista com a donzela, que foi contrata como auxiliar de produção.
Logo Maria se destacou entre as operárias por causa do seu esforço e dedicação.
Empolgada com o novo emprego esta garota passou a usar fitas com mensagens de paz bordadas em seu pulso. Então, sempre quando alguém estava triste, Maria dava uma fita com a cor e frases apropriadas para a ocasião. Deste jeito, a pessoa voltava a sorrir.
Naquele ano, a fábrica teve a festa de Natal mais animada de todas porque Maria bailou a famosa Dança Cigana das Fitas.
O problema é que dentro do ambiente de trabalho, existia um outro operário que ninguém gostava por ser arrogante e fazer piadas machistas com as colegas. O apelido deste sujeito era Canecão e ele passou a perseguir Maria com suas investidas e piadas de mau gosto.
Um certo dia, Maria resolveu usar o banheiro dos fundos onde era escuro e isolado, pois havia uma fila enorme no toalete mais movimentado. Porém, Canecão resolveu seguir a moça. No mesmo minuto que Maria penetrou no toalete, o rapaz correu, entrou junto e trancou a porta. Desta maneira, ele tentou agarrar a pobre, que resistiu e exclamou a frase:
- Antes morrer do que pecar!
Deste jeito, Canecão bateu a cabeça da jovem contra a parede, que morreu no mesmo instante. Após isto, o assassino fugiu.
Todos ficaram comovidos no velório de Maria, que foi enterrada com o caixão enfeitado de fitas e com roupas coloridas como as das ciganas.
Reza a lenda que dez anos depois, Jamile, uma outra operária, se trancou no banheiro dos fundos e começou a chorar. De repente, apareceu uma moça que perguntou-lhe:
- Por que você está chorando?
Jamile respondeu:
- É porque meu filho está com meningite, no hospital, e acho que de hoje ele não passa.
A donzela comentou:
- Eu vou rezar pelo seu filho.
- No meu pulso, há várias fitas com orações bordadas. Então, vou lhe dar esta fita amarela, que é a cor que simboliza a saúde, e nela há um trecho do Salmo 23: “O senhor é meu pastor e nada me faltará.”
Jamile agradeceu, depois do expediente foi até o hospital e quando chegou ao quarto viu que seu filho estava, milagrosamente, curado.
No dia seguinte, ela perguntou a dona Ana, que era responsável pela limpeza:
- A senhora, que já trabalha há muitos anos aqui, por acaso, sabe o nome daquela funcionária que parece uma cigana, veste roupas coloridas e tem o pulso cheio de fitas com orações?
A zeladora respondeu:
- A vinte anos atrás havia uma operária com estas características, mas ela foi assassinada por um tarado no banheiro dos fundos. Reza a lenda que o fantasma dela aparece para ajudar a quem precisa.
- Por favor, me siga até a administração que lhe mostrarei o álbum de fotos dos antigos funcionários.
Então, Ana abriu uma página do álbum, apontou para uma moça da foto e indagou para Jamile:
- Por acaso, a jovem era esta da fotografia?
A operária respondeu emocionada:
- Sim.
Em 1980, esta fábrica foi desativada e dentro dela foi inaugurado um tipo de centro cultural com escolas de idiomas, centro de exposições e academia de ginástica.
Reza a lenda que em 2013, Patrícia, uma aluna de um curso de idiomas estava chorando no toalete dos fundos. Então, uma moça com roupas ciganas e os braços cheios de fitas perguntou-lhe:
- O que houve?
A estudante respondeu:
- Meu cachorrinho de estimação desapareceu a uma semana.
A jovem comentou:
- Eu rezarei para que seu animalzinho volte hoje mesmo para a casa.
- Também quero lhe dar de presente uma das fitas, com mensagens bordadas, que tenho em meu pulso. Bem, lhe darei a verde que significa esperança e nela está escrito: “Na casa do senhor há várias moradas.”
- Sabe, reza a lenda que quando um bicho de estimação sai de casa é porque ele foi passear no céu.
- Quem sabe não foi isto que aconteceu, né?!
Assim, a donzela desconhecida colocou a fita no pulso de Patrícia, que parou dois segundos para admirar o seu novo presente. Mas, quando olhou para o lado, notou que a moça desapareceu.
Ao chegar a sua residência, Patrícia abriu o computador e entrou na Internet. Naquele mesmo instante ela escutou latidos, abriu a porta e viu que seu cachorro tinha retornado ao lar. Os dois foram para a sala e a estudante sentou-se em frente ao computador novamente. Porém, o cão pulou em seu colo, bateu sem querer numa tecla e na tela surgiu um site com o título da seguinte notícia:
“Cigana da Antiga Fábrica de Fitas Virou Lenda”
Luciana do Rocio Mallon









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