Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
(Camões)
Vou dar uma pala: troquei meu lar e família, por quizília, mas quando mando alguma coisa ou pessoa para a Tonga da Mironga do Kabuletê, dificilmente, pego de volta. E assim, comparei Estrela que o vento soprou com Os Lusíadas de Camões, pois, o grande poeta, salvou o clássico, e deixou morrer afogada a esposa. Este fragmento de Estela foi retirado da obra, e muito me dói, pois, a verdade que morre, escorre na alma e machuca o coração. Senão, vejamos:
As lágrimas que derramei
Transbordaram o Mekong,
Se fui King Kong, não sei
Casei com uma monga,
Ora abandonada na
‘ Tonga da mironga
do kabuletê’.Por que, por quê?...
Lá onde a indiana se afogou
Camões defensou seu tesouro
Ouro que também eu defensei
Escrevi com Homero minha ilíada
Em águas turvas, quase me afoguei
Insano!Poesia é teu maior patrimônio?
E como o náufrago lusitano
Poupei a Estrela, poupei os Lusíadas
Mas lar e família não poupei
Pala, engano, mentira
Não por prazer, por quezília
Minha casa abandonei.
Não te envergonhas, Jeremias, de apresentares um poema feito às canhas. Sabes o que significa ‘a tonga da mironga do cabuletê?’ — ‘Não sei. Nem quero saber’— ‘Pois é pelo pubiano da vovó. Portanto, meu velho, não fales língua estrangeira, sem saberes o que diz.’
O pai torceu o nariz.
— Dom Quixote haverá muito que aprender com Sancho Pança. Essas crianças!
— Não há aprendizado escorreito! — Interfere Massari:
Em resto de coragem, carimbo a passagem para o continuar. Dobro as minhas lembranças e passo o meu passado. Não faço mais contas. Apenas, junto os meus poucos de valores, No quase vazio desta minha pequena bagagem... Não me furtei, não fui furtivo; apenas, furtado ao sentimento. Alegrias que ao nunca de minhas, nas arrelias que me foram causadas. Em sôfrego e sofrido, ao tudo que eu fazendo ver não fiz sentido. Deixo este lugar! Por bem acreditar em um outro que irá, enfim, me acolher... *** Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou. NA
Pala: engano, peta, mentira.
Adalberto Lima, trecho expurgado durante o enxugamento de Estrela que o vento soprou.
Imagens: Internet
A Tonga da Mironga do Kabuletê: Música do Trio Mocotó. Acesso em 26.08.2018: https://youtu.be/IxqGFv6p3nQ
Adalberto Lima
Enviado por Adalberto Lima em 26/08/2017
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
(Camões)
Vou dar uma pala: troquei meu lar e família, por quizília, mas quando mando alguma coisa ou pessoa para a Tonga da Mironga do Kabuletê, dificilmente, pego de volta. E assim, comparei Estrela que o vento soprou com Os Lusíadas de Camões, pois, o grande poeta, salvou o clássico, e deixou morrer afogada a esposa. Este fragmento de Estela foi retirado da obra, e muito me dói, pois, a verdade que morre, escorre na alma e machuca o coração. Senão, vejamos:
As lágrimas que derramei
Transbordaram o Mekong,
Se fui King Kong, não sei
Casei com uma monga,
Ora abandonada na
‘ Tonga da mironga
do kabuletê’.Por que, por quê?...
Lá onde a indiana se afogou
Camões defensou seu tesouro
Ouro que também eu defensei
Escrevi com Homero minha ilíada
Em águas turvas, quase me afoguei
A poesia é meu maior patrimônio
E como o náufrago lusitano
Poupei a Estrela, poupei os Lusíadas
Mas lar e família não poupei
Pala, engano, mentira
Não por prazer, por quezília
Minha casa abandonei.
Não te envergonhas, Jeremias, de apresentares um poema feito às canhas. Sabes o que significa ‘a tonga da mironga do cabuletê?’ — ‘Não sei. Nem quero saber’— ‘Pois é pelo pubiano da vovó. Portanto, meu velho, não fales língua estrangeira, sem saberes o que diz.’
O pai torceu o nariz.
— Dom Quixote haverá muito que aprender com Sancho Pança. Essas crianças!
— Não há aprendizado escorreito! — Interfere Massari:
Em resto de coragem, carimbo a passagem para o continuar. Dobro as minhas lembranças e passo o meu passado. Não faço mais contas. Apenas, junto os meus poucos de valores, No quase vazio desta minha pequena bagagem... Não me furtei, não fui furtivo; apenas, furtado ao sentimento. Alegrias que ao nunca de minhas, nas arrelias que me foram causadas. Em sôfrego e sofrido, ao tudo que eu fazendo ver não fiz sentido. Deixo este lugar! Por bem acreditar em um outro que irá, enfim, me acolher... *** Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou. NA
Pala: engano, peta, mentira.
Adalberto Lima, trecho expurgado durante o enxugamento de Estrela que o vento soprou.
Imagens: Internet
A Tonga da Mironga do Kabuletê: Música do Trio Mocotó. Acesso em 26.08.2018: https://youtu.be/IxqGFv6p3nQ
Adalberto Lima
Enviado por Adalberto Lima em 26/08/2017
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