Lagoa Manguaba
Ele a criou, ela germinou a vida líquida na essência infinita da reticência. Deusa mãe, deusa pai na margem, seus filhos molharam os pés e assim, ensaiaram os primeiros passos em sua navegação. A deusa Manguaba ensinou-lhes o trajeto em suas águas, hoje castigadas. Não há um plano sagrado de contingência que alivie seu sofrimento. Deusa mãe, deusa filha, deusa pai na infinitude natural de ser natureza pura, imaculada. Degradada, esquecida por seus filhos que habitam sua margem, margeados pelo homem e santificados pelo divino. Água e deságua, amarga a dor da mãe deusa ao lado do filho Deus. Ama e não o abandona. Ele parte em vão para retornar ao entorno dela a vê-lo, perdê-lo. Secou, sem vida ficou. Dívida externa seus filhos terão. Não retorna. Devora o lixo. Afoga a dor. Suspira amor. Respira a flor à margem, pela Manguaba mãe deixada. Sem espinhos, exala o aroma da Lagoa a agonizar o lixo rebento de seu filho no holocausto da poluição. Mãe e pãe Manguaba da menina sentada à margem, companhia à flor menina órfã. |