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Poesias-->ÁGUAS MÓVEIS -- 16/10/2018 - 23:47 (João Ferreira) |
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ÁGUAS MÓVEIS
Jan Muá
16 de outubro de 2018
Estavam os rubros flamboyants em festa
como aparte florido do parque
integrando-se à mancha verde que dominava a península norte
quando as boias e os iates
chamavam a atenção
para a peculiaridade do lago
e suas margens marcadas por vestígios de capivaras
o lago era só mobilidade
suas águas entoavam a eterna música que se desprende de sua jovem disposição
de criar movimento com agilidade
e sem cansaço
no cenário conjunto
as cores do céu juntavam-se às águas
num tom de cinza
destacado e sem brilho
tom de chumbo
incapaz de disfarçar a natural mobilidade
que a mando do ventoso Bóreas
marcavam as próprias águas
no encanto do espetáculo quem comandava eram as palavras mágicas da poesia
e era ali mesmo que as águas móveis se tornavam soberanas
ao encarnar pela palavra a sedutora toada poética que as lacrava
do espelho destas águas
era possível adivinhar a lonjura dos confins
o horizonte e a complementar travessia do céu misterioso
o lago era uma real massa aquática
mas tinha na encarnação telúrica do mistério a pura magia do poético fundo essencial
e a terra em seu realismo mágico mostrava um de seus misteriosos mantos
para alegrar a tela
para selar a poesia da divina mobilidade aquática
registra-se agora a passagem esvoaçante e compassada de uma garça branca
enquanto em outro ponto junto à boia sinalizadora o patinho mergulhador se exibe feliz
à volta, emergindo do horizonte
uma pequena nesga luminosa rompe as nuvens
e com ela chega uma nova aragem
que o bóreas licenciou
reagem com nova vida as águas móveis
e as plantas ribeirinhas
num gesto belo e dançarino
onde conjuntamente
mãe natureza
e todo o mundo telúrico se mostram envolvidos numa familiar relação de amor.
Jan Muá
Brasília, Lago Paranoá, 16 de outubro de 2018 |
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